Palavra ministrada pelo irmão Pedro Dong, transmitida pelo Instituto Vida para Todos diretamente do auditório da Igreja em São Paulo – São Paulo, em 15/05/2022. Texto não revisado pelo autor.
Mt 24:14
Concluímos agora os capítulos 24 e 25 de Mateus, onde Jesus explica aos discípulos os sinais da vinda do Senhor em três sessões: a primeira delas é a perseguição que os judeus sofrerão pelo anticristo e seu exército, sendo encurralados até que finalmente aceitem a Jesus. Então Deus proverá salvação, e os remanescentes de Israel serão levados à parte terrena do reino milenar, para apascentar as nações. A segunda sessão, um pouco mais longa, discorre sobre a parábola da figueira. Sabemos que, quando a igreja cumprir o compromisso de levar o evangelho a toda terra e nação, então virá o fim. Dessa forma, há uma relação direta entre a pregação do evangelho e o final dos tempos; a igreja tem a missão de puxar os acontecimentos finais desta era através do testemunho do evangelho a todas as nações.
É necessário, no entanto, que nossa atenção também esteja focada na parábola da figueira, isto é, para a situação do povo de Israel. Atualmente, Israel já é uma nação restaurada e já recuperou Jerusalém. O acontecimento ainda faltante é a reconstrução do tempo, a qual nós cremos não faltar muito tempo para acontecer. A partir desta reconstrução, não haverá muito tempo até a vinda do Senhor. Hoje nosso viver deve ser focado nas coisas do alto, priorizando a pregação e cuidado com aqueles ao nosso redor. Nosso estado deve ser de alerta e sóbrio mesmo em meio a um mundo que se preocupa tanto com questões terrenais.
Mt 25; Ef 4:11-12; Jo 7:37-39
A parábola das dez virgens representa os cristãos que já dormiram no Senhor. O azeite citado na parábola representa a palavra profética, que deve hoje permear o nosso ser, mudando nossa mente, vontade e emoção para que estejam alinhadas à vontade de Cristo. Por fim, temos a parábola dos talentos, que fala a respeito de nos capacitar para sermos usados pelo Senhor. Cada um de nós foi inserido no Corpo de Cristo, sendo um membro com função, com talentos para a funcionalidade dentro do corpo. Hoje o Senhor nos aperfeiçoa, para que sejamos cada vez mais usados.
A vontade do Senhor não é capacitar apenas poucos irmãos, para que exista um “clero funcional” dentro da igreja. Ele nos quer todos capacitados para que tenhamos mais função e utilidade dentro do Corpo de Cristo, tornando-nos uma igreja de condutores da graça de Deus.
A sarça ardente encontrada por Moisés ardia com fogo santo, mas não era consumida. João 7 relata que todo aquele que crê no Senhor terá a vida divina dentro de si, como rios de água viva a jorrar. Hoje precisamos almejar ser aperfeiçoados para não somente conter essa água viva, mas para conduzir e suprir as pessoas com tal água, que é ilimitada. Um vaso pode suprir algumas pessoas, mas é necessário haver uma capacitação, um aumento do diâmetro dos condutores para que mais pessoas sejam supridas e sejamos mais úteis nas mãos do Senhor.
1 Tm 1:4
Deus não consegue levar a cabo Sua edificação por meio de mera doutrina. Ele precisa de pessoas focadas em gerenciar Seus negócios e edificar a igreja. O desejo de Seu coração é edificar para Si uma mulher, essa igreja, para que Cristo possa desposá-la eternamente.
Haverá uma separação dos gentios no final dos tempos, entre ovelhas e cabritos: as ovelhas serão os gentios que permanecerão vivos no final da grande tribulação e sobreviverem à batalha de Armagedom. Estes serão os que receberão o evangelho durante a grande tribulação reconhecendo que a marca da besta não representa Deus, e cuidarão dos cristãos que, por não receberem a marca da besta, não poderão realizar trocas comerciais sem ajuda durante o período. Estas pessoas, por ajudarem os filhos de Deus, farão parte das nações terrenas durante o milênio. Os cabritos serão aqueles que, por não se arrependerem ou cuidarem bem dos filhos de Deus, serão lançados ao lago de fogo.
Mt 26:1-5; Ex 12:2,17; 13:3-6
No capítulo 26 de Mateus, Jesus já estava Se preparando para a páscoa, para a crucificação e até mesmo revela que já sabia como seria Sua morte. No antigo testamento, a instituição da páscoa define que o mês da saída do povo de Israel do Egito teria maior importância a partir de então, colocando-o inclusive como o primeiro do ano no calendário judeu. Além disso, houve a instituição da imolação do cordeiro sem defeitos. Cristo, como tal cordeiro, também foi enviado para ser julgado e avaliado antes de Sua morte, não tendo nenhum defeito encontrado.
Lc 22:7-8,14; Jo 18:28; 1 Co 5:7-8; Jo 12:1
Antes de Sua morte e ressurreição, Jesus desejou comemorar a páscoa pela última vez, quando a páscoa passaria a ter um novo significado, o que estava no coração de Deus. Páscoa significa “passar por cima” ou “passar por”, já que o anjo da morte passou pelas casas que tinham sangue de cordeiro nos batentes e não matou os filhos mais velhos dessas casas, já que alguém já havia morrido por eles. Esse é o verdadeiro significado da páscoa.
Cristo como nosso cordeiro pascal morreu pela igreja, para que em Sua ressurreição pudéssemos viver uma vida nova, longe de malícia e maldade, sem fermento e vivendo em verdade. Nós devemos hoje ter uma vida de pães asmos, afastados de todas essas coisas.
Mt 21:12-13; 23:14; Jo 11:47-51
A liderança do povo de Israel, na época de Jesus, havia se tornado corrupta, utilizando sua posição em prol de enriquecimento próprio. A luta pelo poder político é majoritariamente contaminada pela corrupção, mesmo nos dias atuais. No contexto de Mateus 21, Jesus se mostra revoltado com situações injustas que ocorriam na liderança judaica, extremamente afetada pela corrupção.
David Belhassen, historiador israelita, afirma que Jesus viveu durante um período difícil e corrupto, durante a ocupação romana. Ele aponta Jesus como um patriota que queria proteger seu povo das recorrentes corrupções, pregando com o objetivo de se fazer cumprir a Torá. Jesus queria cumprir as palavras dos profetas, trazer esperança de salvação ao povo, fazendo críticas à ganância inserida na liderança judaica. Tais críticas foram vistas como ameaça pelos doutores da lei, uma vez que as palavras do Senhor possuíam poder de convencimento sobre o povo, e poderiam ameaçar a soberania dos poderes já estabelecidos na época.
Embora tenha ocorrido pelas mãos dos romanos, o objetivo da morte de Jesus em nada tinha a ver com as críticas pelas quais foi morto. O objetivo de Sua morte era reunir todos os filhos de Deus em um só corpo, na igreja. Esse é o corpo que nos importa edificar hoje.
Mt 26:7-13; Jo 12; Rm 6; Cl 3
Na época em que o Senhor esteve na terra em carne, pessoas com lepra deveriam ser isoladas da sociedade, vivendo solitariamente e longe de todos. Quando Jesus encontra esse leproso e o cura, gera nele gratidão. Esse é o momento em que o Senhor encontra ali uma miniatura da vida da igreja: um pecador que graça ganhou e, longe de toda arrogância, era grato a Jesus pela cura. Nós também somos esses pecadores que nada tinham além de morte, mas recebemos cura e salvação de Cristo! Que possamos ter um viver de gratidão, derramando o nosso melhor diante do Senhor. Que esteja longe de nós toda arrogância e disputa por posição ou reconhecimento: precisamos enxergar nossa condição de pecadores indignos que receberam graça mesmo sem merecer.
Além do leproso, nessa casa havia também Lázaro que, após morto em seus delitos e pecados, foi trazido de volta à vida por Jesus. Isso serve para nos mostrar que a igreja é formada por aqueles que foram gerados pela morte e ressurreição de Cristo. Já não vivemos mais a vida de antes, pois fomos mortos e ressuscitados com Ele. Já não vivemos cheios de problemas, de obras da carne, imoralidades, idolatria… embora antes vivêssemos assim, esse velho homem já morreu e foi crucificado com Cristo! Hoje, em vida de ressurreição, precisamos colocar nossa mente, nosso poder de decisão, em Deus, nas coisas lá do alto.
Servimos ao Senhor para que todos os membros do corpo funcionem, para que Sua igreja seja adequadamente edificada e os irmãos sejam apascentados. Devemos estar ativos nas várias frentes de serviço não simplesmente por termos nosso nome na escala, mas por sermos imensamente gratos ao Senhor por Sua obra em nossas vidas.
Jo 12:3-8
Em Betânia, Jesus se sentia em casa. O ambiente era de gratidão e entrega a Ele. Esse deve ser o ambiente encontrado na igreja: um lugar onde Ele é honrado, amado e respeitado como Senhor. A vida da igreja é formada por pecadores doentes que receberam a cura. Assim como Simão, devemos ter as portas de nossa casa aberta para receber o Senhor, tendo em nosso coração o fato de que não somos nada senão leprosos alcançados pela misericórdia de Jesus.
O vaso de alabastro que Maria despendeu sobre Jesus representava tudo o que ela tinha. Ela derramou tudo o que tinha, tudo o que podia diante Dele. Como verdadeira igreja, nosso derramamento deve ser o mesmo, de coração puro. Tudo o que temos, somos e podemos deve estar derramado diante de Cristo para que Ele tenha descanso em nós.
Deus ainda está procurando um lugar de descanso, desde a criação. A vida da igreja hoje deve ser esse ambiente de desfrute e descanso para Deus, onde reconhecemos que somos pecadores indignos diante Dele, mas ainda assim derramamos tudo o que temos sobre Ele em amor, respeito e reverência. Maria teve essa sensibilidade do derramamento e honra ainda mais aflorada do que os discípulos, uma vez que conseguiu entender que aquele momento era sua última oportunidade de honrar a Jesus dessa maneira antes da crucificação.
2 Pe 1:3; 2 Co 5:13
Vivemos tempos em que as pessoas estão desesperançosas, mas nós recebemos uma viva esperança, herança incorruptível reservada para nós nos céus! Nossa salvação eterna já foi garantida e hoje somos diariamente transformados e provados diante Dele, despindo-nos do nosso velho homem e sendo transformados de glória em glória.
A obra imensa, gloriosa do Senhor por nós, jamais poderá ser mensurada! Como ter uma reação diferente de Maria? Como tentar medir a gratidão por tamanho amor? O coração mesquinho de Judas estava nos valores monetários e humanos, medindo o derramamento de Maria como desperdício. Sabendo que era um costume da época presentear os pobres durante a páscoa, é humanamente fácil validar a fala de Judas. Mas Maria não se importou com costumes e tradições nem tampouco com as nuances humanas envolvidas na situação. Ela estava diante de Seu Senhor, em carne, pela última vez. E derramou tudo o que tinha, tudo o que era e podia diante Dele, tamanho era seu amor e gratidão.
Jesus aponta que esse caso deveria ser citado sempre que o evangelho fosse pregado. Deus não quer uma igreja burocrática, religiosa e convencional. Ele espera uma igreja que O ama acima de todas as coisas, que se derrama e enlouquece diante Dele. Uma igreja que diz “sim” e “amém” ao Seu chamamento e ordem de ida.
Ct 2:4; 8:6-7
Sejamos uma igreja de leprosos curados, de mortos que foram regenerados pela ressurreição de Cristo e, acima de tudo, aqueles cuja gratidão se derrama em amor e honra pelo Senhor. O valor do Senhor excede em muito os valores monetários que conhecemos, e jamais seríamos capazes de mensurá- lo. Ele merece que estejamos comprometidos em seguir Seu falar, edificar Sua igreja e levar Sua palavra por meio da pregação do evangelho, sabendo que Ele é merecedor de receber tudo o que somos, tudo o que temos e tudo o que podemos.