Mens. 13: Introdução às Epístolas de Pedro

Palavra ministrada pelo irmão Pedro Dong, transmitida pelo Instituto Vida para Todos, diretamente do auditório Pérola na Estância Árvore da Vida, em 07/09/2024. Texto não revisado pelo autor.

Encorajamos você a assistir a mensagem completa no canal do IVPT no Youtube.

 

 

 

3 Jo 9-10; 1 Tm 1:3-4

  1. No ano 90 do primeiro século já havia degradação na igreja. João, ao dizer que se alegrava ao ver que seus filhos andavam na verdade, mostra que havia igrejas que se afastaram de seu ministério e deixaram de receber a palavra da vida. A situação descrita na terceira epístola de João sobre Diótrefes, indicava que havia alguns líderes das igrejas que rejeitavam seu apostolado e sua palavra. Havia disputas pela primazia na igreja e na obra. Da morte de Paulo até o ano 90, em que João escreveu as epístolas, passaram-se 23 anos. No ano 67, Paulo já havia dito que os da Ásia o abandonara. Paulo gastou 3 anos em Éfeso para que todos da Ásia pudessem ouvir a palavra e justamente aquela região deixou o ministério de Paulo. No ano 64 Paulo pediu para Timóteo permanecer em Éfeso para cuidar deles.
  1. O inimigo mirou sua arma contra a palavra que saía da boca de Deus por meio dos Apóstolos. O segundo tiro veio quando a hierarquia e a disputa pela posição começaram. Os privilégios do clero aumentaram e, no tempo do Imperador Constantino, a igreja se uniu com o estado, elevando os status dos líderes da igreja que se tornaram líderes do império. Veio então o terceiro tiro do inimigo: o amor ao dinheiro. Isso corrompeu totalmente o homem e a igreja. Ao abandonar o apóstolo e sua palavra, fez com que cada um achasse que tinha a sua própria palavra e poderia ter seu próprio lugar na igreja, derrubando-a e degradando-a.
  1. Graças ao Senhor, Ele foi misericordioso conosco nestes últimos tempos e está nos fazendo recuperar. A palavra que sai da boca de Deus é que faz a obra e em nosso meio essa palavra tem feito milagres, alcançado pessoas e trazendo alegria. A vida da igreja está muito dinâmica envolvendo crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens e intendentes. Levamos adiante o encargo de edificação do corpo de Cristo, pregando o evangelho do reino.

1 Pe 1:1-2; Jo 1:41-42; Mt 16:18; 1 Pe 2:5

  1. O Senhor Jesus chamou Simão e trocou seu nome para Pedro. Primeiro Ele encontrou seu irmão André, que chamou Simão para conhecer o Messias. Jesus disse que ele seria chamado de Cefas, que quer dizer Pedro, que significa “pedra”. Com essa troca de nome, Deus o fazia um material para a edificação. Em Mateus 16 Jesus disse: “Tu és Pedro e sobre esta rocha edificarei a minha igreja”. Jesus iria edificar e Pedro era uma pedra para edificação. A questão da pedra e da edificação ficou fortemente impressionada em Pedro. “Vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual.” Deus não levantou uma organização sem vida, mas Ele nos fez parte do organismo vivo. Somos pedras vivas para a edificação.

1 Co 3:12; 1 Pe 4:12

  1. A natureza do Pai é representada pelo ouro e precisa, pouco a pouco, substituir nossa natureza humana caída. Há duas possibilidades de edificarmos: com os materiais que Deus indicou (ouro, prata e pedras preciosas) ou com a natureza humana caída (madeira, feno e palha). Nós precisamos edificar a igreja com ouro, prata e pedras preciosas. O ouro é a natureza de Deus; a prata é a redenção de Cristo e as pedras preciosas são as pessoas que foram transformadas. Nós precisamos passar por um processo de transformação para nos tornarmos uma pedra preciosa para a edificação. Somente uma grande pressão sobre o carbono é capaz de o transformar em diamante. Pedro diz para não estranharmos o fogo ardente que surge no meio de nós. Isso não é coisa negativa, mas positiva. Deus quer nos transformar em materiais úteis.

Mt 17:24-27

  1. Pedro era uma pedra bruta, tinha boa intenção, mas era muito rápido em fazer as coisas. Pedro parecia um cavalo selvagem. É preferível ser um cavalo selvagem do que um pangaré que nunca erra. Deus pode transformar um cavalo selvagem e domá-lo por meio de sofrimentos. Quanto mais alguém é selvagem, maior será a pressão. O Senhor Jesus logo enxergou que Pedro seria material para liderar os 12 discípulos. Jesus tinha que preparar essa pedra bruta para poder ser útil na igreja.
  1. Quando perguntaram a Pedro se o mestre pagava imposto, ele logo disse que sim (Mt 17). Esse imposto era para a manutenção do templo, não um imposto romano. Jesus, sendo o filho de Deus, não precisava pagar o imposto para manter o templo de Deus. Mas Pedro respondeu que ele pagava. O imposto era cobrado dos estranhos, estando isento os filhos. Para que não houvesse escândalo, o Senhor disse a Pedro para pescar um peixe que tivesse um estáter na boca, que equivale a quatro dracmas. Aí ele pagaria o imposto pelo Senhor e por ele.
  1. Sua precipitação o levou a ter de preparar anzol, isca, vara, lançar a vara, esperar que fisgue o peixe, orar para que o peixe que fisgasse tivesse um estáter na boca. Naquele dia Jesus pediu para ele ter paciência, esperando fisgar o peixe certo. Enquanto ele pescava, devia estar pensando o porquê ele fazia as coisas pelo seu impulso natural. São essas ocasiões em que, pouco a pouco, somos transformados.

Mt 14:22-33

  1. Em Mateus 14, despedidas as multidões, Jesus subiu ao monte e não foi com eles no barco. O barco foi açoitado pelas ondas. Jesus foi até eles andando por sobre as águas. Os discípulos ficaram achando que era um fantasma e começaram a gritar. Jesus lhes disse para ter bom ânimo. Pedro reage rápido e pede para mandar encontrar com Ele. Ele creu na palavra do Senhor e andou nas águas, mas reparando na força do vento, teve medo, começou a submergir e pediu socorro. No começo Pedro não teve medo e o Senhor o fez andar sobre as águas, mas quando olhou para as circunstâncias, ele teve medo e começou a afundar. Jesus estendeu a mão, tomou-o e lhe disse: “homem de pequena fé, por que duvidaste?”

Mt 16:21-23

  1. Em Mateus 16, depois de o Senhor falar sobre a pedra e a edificação da igreja, Ele começou a mostrar a Seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia. Pedro começou a reprová-Lo dizendo “Tem compaixão de ti Senhor, isso de modo algum te acontecerá.” Pedro, com seu amor natural, pensou que o mestre não podia sofrer ou morrer. Mas Jesus falou “Arreda Satanás!” Isto foi bem forte e Pedro levou um choque. Em todas essas situações vemos que, dos 12 apóstolos, praticamente o registro é sobre Pedro, e que Deus estava o preparando.

Jo 13:1-11

  1. Na última ceia, em João 13, naquele tempo existia um hábito de lavar os pés, porque todos usavam sandálias e não tinham sapatos fechados. Os pés ficavam sujos e era desagradável comer assim. As casas de mais posse tinham serviçais que lavavam seus pés. Estava Jesus com os 12 sentados para comer. Imagino que um discípulo estava esperando o outro tomar a iniciativa e começar a lavar os pés ou então pensando se ali não teria serviçal para lavar os pés deles. Jesus se levantou, cingiu com uma toalha e foi lavar os pés dos discípulos.
  1. Pedro disse “tu me lavas os pés a mim?”. Por que Pedro não tomou iniciativa e lavou os pés de Jesus? Nós também aprendermos que não estamos aqui para sermos servidos, mas estamos aqui é para servir. Estamos acostumados a esperar que os outros nos sirvam, mas isso não é bom. Todos nós temos de aprender a servir. Mas para os que são servidos, eu alerto para não se acostumarem com isso. Os irmãos me servem chá e água para eu poder ministrar palavra, molhar a garganta. Todos precisam ser aqueles que servem. Jesus não veio para ser servido, mas para servir.
  1. Pedro foi até bruto com o Senhor quando disse: “Nunca me lavará os pés”. Jesus respondeu: “Se eu não te lavar não tens parte comigo”. Pedro, então, pede ao Senhor: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça”. Então Jesus declarou: “Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.” Ele se referia a Judas que não foi limpo.

Jo 13:36-38

  1. Jesus abriu o coração a eles dizendo que estava na véspera de Sua crucificação. Pedro perguntou: “Senhor para onde vais?” Jesus respondeu: “Para onde vou não me pode seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás”. Mas Pedro queria segui-Lo naquele momento e disse que daria a própria vida para isso. Ele realmente amava muito o Senhor, mas não conhecia a natureza humana.
  1. “Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negue três vezes”. Ele negou pela primeira vez na entrada do átrio do sumo sacerdote. Negar uma vez poderia ser um deslize, mas ele negou pela segunda vez, veementemente, chegando a praguejar. Pela terceira vez ele negou de uma forma muito forte. Três vezes evidencia que você não tem força para cumprir o que promete. O galo cantou, Jesus olhou de longe, e ele entendeu o olhar do Senhor e chorou amargamente.
  1. O amor natural de Pedro por Jesus era tanto que ele disse que daria sua própria vida para seguir a Jesus até a cruz, mas naquela noite ele viu uma outra atmosfera com aqueles batalhões de soldados e guardas. Aquela situação assustou a todos. Os discípulos foram embora, pois ninguém queria ficar ali. Pedro deu uma de valente e cortou a orelha do soldado, mas depois ele também correu. Você é valente até encontrar uma situação de morte. Não confie no homem natural, não confie naqueles que falam que vão morrer por você. Somente a vida do Senhor nos torna confiáveis. Quanto mais a vida está circulando entre nós, nos amadurecendo, mais somos confiáveis, pois é isto que nos transforma realmente.

Mt 10:2; Mc 3:16; Lc 6:1; Mt 17:1

  1. Pedro era uma pedra bruta que precisava ser lapidada, por isso fala em tribulações e provações. Ele sabia que todos precisam das tribulações para nos transformar em pedras para a edificação. Na relação dos nomes dos 12 discípulos, Pedro sempre aparece em primeiro lugar. Pedro, André, Tiago e João são sempre os quatro mencionados em primeiro lugar. No monte em que Jesus se transfigurou, levou em particular apenas três discípulos. Pedro negou o Senhor três vezes na véspera de Sua ressurreição e ele estava decepcionado consigo mesmo, imaginando que já não tinha mais nenhuma utilidade para Deus.

Mc 16:7

  1. Na manhã da ressurreição, um anjo apareceu às mulheres e instruiu a dizer aos discípulos para irem para Galileia. Deus sabia que Pedro provavelmente tinha caído em uma depressão, porque ele havia decepcionado o Senhor. Ele deve ter pensado que Deus não o quereria mais, que estava refugado. Mas, quando o anjo falou, ele usou a expressão “e a Pedro”. Isso soou como salvação, consolação e encorajamento. “Jesus não esqueceu de mim. Eu não fui descartado!”.
  1. Você pode dizer “Eu falhei tantas vezes com o Senhor, mas Ele, hoje, me quer também”. Achamos que não temos mais nenhuma serventia para Deus, mas é nesse momento que Deus nos chama: “eu quero você!” Muitos que estão aqui hoje tem essa experiência. Deus pode lhe usar e quer usá-lo ainda. Só que Ele precisa o transformar.

Jo 21:1-6

  1. Jesus havia pedido para eles irem à Galileia para ficar aguardando Sua aparição. Pedro estava aguardando, mas sentiu fome e disse para seis discípulos que estavam lá: “vou pescar”. Os outros discípulos seguiram o líder. Pescaram a noite inteira e não conseguiram nada. Jesus aparece e pergunta: “Filhos, tendes aí alguma coisa de comer? Responderam- Lhe: Não. Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede tão grande era a quantidade de peixes”. Onde estavam aqueles peixes? Estavam nas palavras do Senhor.
  1. O Senhor, na verdade, não quer que você se preocupe com seu sustento, mas Ele quer que você O sirva. Vamos servir ao Senhor sem preocupação, pois Ele sabe cuidar de nossas necessidades. Sou testemunha de muitos de nossos cooperadores e irmãos que estavam ocupados com seu trabalho e não tinham tempo para servir ao Senhor. Mas eles passaram a servir mais, acompanhar a palavra de perto, mas eles não ficaram mais pobres. A casa e os negócios deles não decresceram, o ganho deles não foi atingido, pelo contrário, o Senhor os abençoou. Uma só palavra de Deus faz com que você tenha uma rede cheia de peixes. Às vezes o Senhor quer provar nosso coração e podemos passar por uma situação. Isso não é porque o Senhor está nos descuidando, mas Ele está provando nosso coração.

Jo 21:7

  1. João foi mais sensível no barco e disse a Pedro que era Jesus. Pedro foi mais rápido em agir do que João, cingiu-se com sua veste e lançou-se ao mar. Isso é uma característica negativa de Pedro, de ser precipitado, mas por outro lado isso se torna positivo. Nós não podemos perder tempo, devemos ser rápidos em reagir. De um lado você precisa ser sensível ao Espírito, como João, mas ao mesmo tempo você precisa ser rápido como Pedro. Tem gente que é sensível, sabe que esse é o caminho do Senhor, mas é lento para reagir. Algumas regiões parecem que precisam passar por um congresso para aprovação dos irmãos e praticar algo da obra. Vamos praticar rapidamente quando vem a voz de comando.

1 Jo 4:7-21; Jo 21:15-17

  1. Jesus apareceu a eles principalmente para resgatar Pedro e para lembrá-lo que o tinha chamado para o fazer pescador de homens. Tudo começa pelo amor ao Senhor. João mostra que nós não temos de amar o Senhor primeiro, mas que Deus nos amou primeiro. Não com um amor natural como o de Pedro, mas precisamos amar com o amor de Deus. O amor de Deus para amarmos o Senhor está na Palavra da Vida, na comunhão da vida, na circulação da vida!
  1. Em João capítulo 21, o Senhor perguntou a Pedro se ele O amava. Amar o Senhor não pode ficar só na teoria. Se você realmente ama o Senhor, cuide das pessoas. Nós temos os adolescentes sendo usados com os jovens e os intendentes. A igreja precisa aprender a apascentar, pois esses batalhões vão trazer muitos cordeiros à igreja. Se não nos colocarmos para pastorear, vamos perdê-las. Essa não é a história que aconteceu com Pedro, mas essa é a história que está acontecendo conosco. Se vocês realmente amam o Senhor, Ele diz para apascentar. O Senhor pergunta pela segunda vez e depois uma terceira vez.

At 1:25-26; 2:14, 42

  1. Pedro sabia que ele foi chamado, mas não para voltar a pescar. Você foi chamado, mas não para voltar para o mundo. Pedro não foi preparado três anos e pouco para voltar a sua profissão anterior. O Senhor deu uma incumbência muito maior que é cuidar de Seu rebanho. A partir do dia de Pentecostes, Pedro foi escolhido pelo Senhor para liderar os apóstolos. Para completar o número de 12 discípulos, Matias foi escolhido para entrar no lugar de Judas. Em Atos 2 vemos a ousadia de Pedro, depois de ter sido trabalhado pelo Senhor. Essa é a igreja maravilhosa que se levantou no dia de Pentecostes, que perseverava no ensinamento dos apóstolos, que aqui são principalmente as palavras de Pedro.

At 10:1-31; 11:1-3

  1. Hoje a igreja, como o Corpo de Cristo, não é somente formada pelos judeus que creram no Senhor, mas, também, pelos gentios como os da casa de Cornélio em Atos 10. Os gentios também creram, foram batizados pelo Espírito Santo e foram introduzidos no Corpo de Cristo. O sofrimento de Pedro não terminou. Quando ele foi enviado à casa do Cornélio, surgiu uma situação de oposição em Atos 11. Para os judeus era um crime entrar e comer com os gentios. Então, Pedro teve de explicar para eles que foi Deus quem o chamou, que apareceu a ele com aquela visão do lençol. Assim, Pedro apaziguou a situação.

At 15:1-6

  1. Uma situação foi levantada em Jerusalém, relativa aos mais radicais que eram da circuncisão e que não abandonaram a lei. Começaram a levantar um movimento para não deixar as práticas judaicas. Paulo e Barnabé foram até Jerusalém para discutir esse assunto. A lei foi criada para guardar o povo no Antigo Testamento, mas com a fé, não é mais necessária a prática da lei. Os radicais de Jerusalém queriam conservar as tradições e começaram a influenciar as igrejas dos gentios.
  1. Esse movimento começou a ganhar força, sendo que Pedro e os apóstolos começaram a perdê-la. Foi um grande sofrimento para Pedro. Tiago era o líder desse movimento, não o Tiago apóstolo, mas o irmão de Jesus, um líder entre os presbíteros em Jerusalém. Esse movimento foi crescendo e, pouco a pouco, Pedro foi perdendo força. Quando Saulo e Barnabé foram discutir esse assunto em Jerusalém, eles encontraram os apóstolos liderados por Pedro junto com os presbíteros liderados por Tiago.

At 21:17-20

  1. Na terceira viagem de Paulo, ao chegar a Jerusalém, os irmãos o receberam com alegria e no dia seguinte ele foi se encontrar com Tiago e os presbíteros. Onde estavam Pedro e os apóstolos? Ele se ocultou ou foi para outro lugar? Pedro perdeu força e Tiago ganhou força. Ao ouvir Paulo, Tiago e os presbíteros deram glória a Deus pelo ministério de Paulo e Barnabé, mas falaram que havia dezenas de milhares de judeus zelosos que creram. Paulo, por tudo que fez, não tinha esse número de pessoas. Tiago afirmou que todos de Jerusalém eram zelosos da Lei e voltaram à prática do Antigo Testamento. Por isso não havia mais lugar para Pedro e os apóstolos. Vejam o sofrimento de Pedro.

1 Pe 1:1; At 8:1

  1. Pedro só foi reaparecer em sua primeira epístola, já no ano 60 d.C. Esse pano de fundo é importante para sabermos bem quem são os eleitos, os forasteiros da Dispersão, do Ponto, da Galácia, da Capadócia, da Ásia, da Bitínia. Forasteiro significa “estrangeiro”. “Peregrinos” são os judeus crentes que viviam transitoriamente como estrangeiros em nações gentias. Com a primeira perseguição que houve em Jerusalém, muitos saíram e foram viver em nações gentias como estrangeiros e peregrinos. Dispersão é uma palavra conhecida entre os judeus, a diáspora, referente aqueles que estão espalhados entre as nações. No século I, pelo fato de eles terem negado, perseguido e matado o Senhor, eles sofreram as consequências e passaram quase 2000 anos em dispersão pelo mundo, perderam a nação e viviam em vários lugares. Somente em 1958 é que foi restaurada a nação de Israel.

Hb 11:8-16

  1. Essa palavra também se aplica à igreja, que vive aqui na terra como peregrinos, como estrangeiros. Nós não somos desta terra, não somos deste mundo. Não tenha esperança neste mundo, não lance raízes com muitos bens e patrimônios, porque você não é desse mundo. Somos peregrinos e estrangeiros. Nós somos esses que peregrinam aqui na terra, habitando em tendas, herdeiros da mesma promessa. Temos que aprender a viver em tendas, não construindo palácios e mansões, ser simples, viver como peregrinos. Nossas casas são somente para atender a nossas necessidades. Até seu corpo está tomado de aluguel para viver aqui na terra, porque depois esse corpo vai embora. O Verdadeiro está aqui dentro. Tudo é transitório, a casa que eu moro é transitória. Somos estrangeiros e peregrinos, aguardando a cidade que tem fundamentos da qual Deus é o arquiteto e edificador. Nossa verdadeira pátria não está aqui. Aspiramos uma pátria superior, uma Pátria Celestial.

1 Pe 1:2; Ef 1:4-5

  1. Somos eleitos segundo a presciência de Deus. Deus criou este universo e fez tudo de acordo com Sua vontade. Na eleição de Deus, Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo. “Eleição” é seleção entre muitas pessoas. Deus nos escolheu em Cristo entre bilhões de pessoas. O Senhor ainda nos predestinou para Ele e para a filiação por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade. Deus escolheu você e Ele quer dar um destino para você. O destino dos escolhidos de Deus é a filiação, é ser filho que vai herdar a herança do Pai. Deus o escolheu e o predestinou para ser herdeiro. Sempre imaginamos ficar milionários com uma herança inesperada de um parente desconhecido, mas Deus tem herança muito melhor para nós. Deus quer fazê-lo Seu herdeiro, quer que você herde todas as coisas, todas as nações, toda a terra. Não vamos ficar com mesquinhez querendo um pouco nesta terra.

Rm 8:17; 9:11-16; Êx 33:19

  1. Deus nos regenerou como filhos, mas Ele quer nos tornar filhos maduros. Se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo. Nós seremos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo. Com respeito a Esaú e Jacó, o mais velho seria servo do mais novo. Há injustiça da parte de Deus, por que escolheu a Jacó e se aborreceu de Esaú? De modo nenhum! Ele disse a Moisés: “terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e compadecerei de quem eu me compadecer.” Não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.
  1. Se você foi escolhido é porque Deus usou de Sua misericórdia com você. Outro não foi escolhido, porque Deus não usou de misericórdia com ele. Ele tem misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. É Deus quem define! O oleiro é quem molda a massa, não é o objeto que define o formato. Temos vasos preparados para perdição e vasos de misericórdia. Você é um felizardo, foi escolhido para ser um vaso de honra, para receber a herança do Senhor.

Rm 11:11-18

  1. Pela transgressão dos judeus veio a salvação aos gentios. Os judeus tropeçaram para dar lugar aos gentios. A escolha de Deus exerce misericórdia sobre quem quer. Os judeus tropeçaram e deram chance para nós sermos enxertados na boa oliveira. Quando chegar à plenitude vai ser algo glorioso. Paulo estava falando aos gentios, pois era apóstolo dos gentios, mas ele tinha preocupação pelos judeus, seus patrícios.
  1. Calvino pensava que a eleição de Deus só depende de Deus, só depende da misericórdia do Pai. Com esse princípio, podemos pensar que não precisamos nem pregar evangelho, porque quem foi escolhido por Deus será salvo, e quem não foi escolhido não será salvo, trazendo uma passividade para a igreja. Não é bem assim, tem de ter equilíbrio.
  1. Já que os judeus tropeçaram e deram oportunidade para os gentios serem enxertados na boa oliveira, Paulo foi para Jerusalém para incitar os judeus ao ciúme a fim ver se conseguia salvar alguns. Nós precisamos entender que a predestinação é de Deus, a escolha, a eleição ninguém pode questionar. Outra coisa é que Paulo ainda queria, de alguma forma, que os judeus fossem salvos por suas ações, por suas pregações. Em sua terceira viagem, ele insistiu para ir a Jerusalém, pois ele ainda queria levar a salvação para alguns. Então existe alguma coisa na ação humana.
  1. A eleição de Deus foi realizada antes da fundação do mundo, não tem relação com nossa ação humana, mas Pedro nos dá uma boa dica, o versículo 2 diz: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai”. Em Romanos 9 lemos que não é pelas obras que Deus escolhe, mas depende de Deus exercer misericórdia. Porém, ao mesmo tempo, a eleição é segundo a presciência, ou seja, Ele tem pré-conhecimento; Ele conhece de antemão.
  1. Deus habita na eternidade. O tempo corre por um período que Deus determinou antes da fundação do mundo, antes do mundo existir, Deus estava na eternidade, mas Ele, na eternidade, antes da existência do mundo, já tinha acesso ao tempo mesmo antes de existir. Ele tem acesso a qualquer momento. Ele já sabe de seu futuro, já viu tudo. Essa é a presciência de Deus. De um lado não depende de quem quer ou de quem corre. Por outro lado, Ele já conhece previamente suas atitudes, seu coração, como você recebe a palavra e o quanto você luta pelo reino hoje. Deus sabe o coração de cada um.

2 Co 5:9-10; Ef 1:5, 9

  1. Por isso nos esforçamos. Tudo acontece segundo a eleição e acontece segundo a presciência de Deus. Paulo quer dizer que nos esforçamos para agradarmos o Senhor. Todo o plano de Deus parte da palavra “beneplácito”, que é aquilo que Lhe dá prazer, que agrada a Ele, que Ele, como Davi, suspirou por aquela água. O Filho entendeu o suspiro do Pai e foi planejar e projetar, com Sua sabedoria, e disse ao Pai: “Eu descerei, me tornarei um homem, salvarei essa humanidade e executarei a obra de Deus por meio da igreja”. Tudo acontece a partir do beneplácito. Nós viemos aqui para agradar ao Senhor, para atender a esse bom prazer de Deus. Por isso, irmão, tudo que fazemos é para o beneplácito.

1 Jo 3:21-22; 5:1

  1. João ensina que guardemos os mandamentos de Deus para fazermos o que Lhe é agradável. Toda a palavra da vida que Deus nos dá fielmente nos coloca na comunhão da vida para fazer o que Lhe é agradável. Guardamos a palavra e essa palavra dá o poder para executar o que Deus quer. Temos tanta confiança no Senhor, que se pedimos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. Hoje vivemos com tanta confiança, porque nós estamos fazendo o que Lhe agrada.

Mt 7:21-23; Ef 5:26

  1. Nem todo o que me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus, mas sim, aquele que faz a vontade de meu Pai. Os que fazem a vontade do Pai são aqueles que permanecem na palavra e fazem o que Lhe é agradável. Muitos fizeram obras para o Senhor, mas Ele disse: “nunca vos conheci, apartai-vos de mim”. Vamos viver nessa circulação da vida, pois a palavra é como a água, ela nos lava, entra como verdade para dentro de nós e temos a santificação.

2 Ts 2:13; Hb 13:20

  1. Deus nos escolheu desde o princípio para salvação. Não é somente para a salvação do espírito, mas é para a santificação, para alcançarmos a glória. Graças a Deus, hoje, vimos como Pedro foi muito útil ao Senhor. Para iniciar a vida da igreja precisava de um homem forte, mas ele era um homem natural. Deus então teve que trabalhar nele e, hoje, também está trabalhando em nós para nos tornar úteis para Ele. Há a necessidade da tribulação e sofrimento para que Deus possa nos depurar para ser úteis a Ele. Temos de ter clareza que fomos escolhidos por Deus, predestinados para sermos herdeiros de Deus. Essa eleição também depende de nosso coração, de nossa atitude com a Palavra da Vida, com a comunhão da vida. Se não queremos nada disso, certamente não fomos escolhidos. Tudo ainda depende da presciência de Deus conosco. É importante vivermos para sempre diante do Senhor para Lhe ser agradáveis.

 

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