Mens. 9: Mais progressos em direção à Filadélfia

Palavra ministrada pelo irmão Pedro Dong, e transmitida pelo Instituto Vida para Todos, diretamente de São Paulo – SP, em 30/06/2024. Texto não revisado pelo autor.

Encorajamos você a assistir a mensagem completa no canal do IVPT no Youtube.

 

 

  1. Queridos irmãos, nós estamos muito, muito alegres porque o Senhor tem feito grandes coisas entre nós! Nós temos realmente um exército do Senhor levando a palavra do evangelho do reino a todos os lugares por onde eles passam. Estamos conseguindo unidade, unanimidade, harmonia. O PAC e os irmãos de Goiânia já estão fazendo, além da imersão na palavra, gritos de guerra para levantar o moral, o ânimo (que é algo realmente do Senhor, pois, na vida humana, enfrentamos muitos obstáculos, dificuldades, momentos em que estamos meio deprimidos, desanimados, mas os gritos de guerra levantam qualquer ânimo!), e estamos também aprendendo a fazer imersão explosiva, que nos leva lá para cima.
  2. Mas nós aprendemos a fazer mais uma coisa: a imersão refinada, que é nos aquietarmos um pouco e penetrarmos na profundidade da palavra, isto é, nós começamos a tatear no espírito: “Senhor, qual era Teu sentimento quando esta palavra foi falada? Qual é Teu sentimento por trás da superficialidade da palavra?” Quando você lê esse texto, seleciona um ponto da imersão e extrai a direção recebida nele, a admoestação que O Senhor quer fazer a você, o ponto no qual você está falhando, no qual está insuficiente, aquém do que o Senhor quer. Assim, buscamos luz sobre o que O Senhor realmente quer falar, para que Ele possa revelar-nos mais. Por fim, você pode fazer uma oração diante do Senhor: “Senhor, eu quero realmente seguir esta palavra, de acordo com o que O Senhor falou comigo. Eu quero, daqui para frente, avançar neste sentido”. Se tiver alguma coisa a mais, você mesmo pode acrescentar, não precisa restringir-se a esses pontos. O importante é entrarmos na profundeza do sentimento de Deus. 

Ap 2:2-4

  1. A seguir, vamos aplicar um exemplo de como se aprofundar na palavra usando o terceiro ponto da imersão de sábado, extraído da mensagem de número oito desta série (“O retorno à igreja da era dos apóstolos”), que fala a respeito do primeiro amor. O abandono do primeiro amor aconteceu já na primeira das sete igrejas de apocalipse. Como o terceiro ponto da imersão falava do primeiro amor, eu quis trabalhar um pouco com os irmãos no sentido de buscarmos um sentimento mais profundo, de como nós conseguimos ir até lá. A igreja em Éfeso tinha recebido muitas instruções do apóstolo Paulo, o qual permaneceu em Éfeso de dois a três anos, dando oportunidade para que todos da Ásia menor (todas as sete igrejas mencionadas em Apocalipse dois e três: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia) recebessem a palavra.
  1. Éfeso é a principal cidade e representa a igreja da primeira metade do primeiro século até o segundo século. Foi uma igreja que recebeu muitas instruções do apóstolo Paulo e para a qual foi exposta toda a visão da economia de Deus, todo o Seu plano. Então eles conheceram todos os fundamentos e princípios de como se vive e pratica a igreja. A igreja em Éfeso tinha muitas obras, conseguia identificar quem eram os homens maus, os falsos apóstolos, e tinha perseverança, suportava provas por causa do nome do Senhor e não se deixava esmorecer. Mas havia uma repreensão contra ela: havia abandonado o primeiro amor. Penetrando mais a fundo nesse contexto, percebemos que era uma igreja correta, que seguia todos os fundamentos deixados pelo apóstolo, que procurava praticar todos os princípios espirituais, mas faltava o primeiro amor. O que significa isso? Graças ao Senhor, estamos sendo orientados a dar valor à palavra profética. Não é só seguir judicialmente, legalmente, e dizer: “Eu estou em unidade com a palavra profética, eu ouço as lives, eu acompanho…”. Não adianta você apenas seguir tudo corretamente, mas essa palavra precisa produzir algo real dentro de você. Não adianta fazer tudo corretamente, mas estar frio, e faltar a você calor, amor e entusiasmo. 

Ef 3:17-19; Jo 1:1; 1 Jo 1, 4

  1. Aprofundando mais um pouco, temos conhecimento hoje de que a palavra que sai da boca de Deus é que circula entre nós como a circulação da vida, por isso nós praticamos a imersão na palavra e, como os adolescentes, praticamos a transcrição da mensagem, dormimos com Deus, acordamos com Deus, também compartilhamos uns com os outros, e tudo isso tem que produzir algo real. Não pode ficar só na aparência, nas atitudes externas. Essa palavra é o próprio Cristo. Quando permitimos que a palavra que sai da boca de Deus circule entre os membros do Corpo de Cristo, essa palavra tem que fazer com que Cristo seja sedimentado em nosso coração. Não fique só na aparência. Quando permitimos que a palavra circule entre nós, Cristo tem que habitar em nosso coração, tem que passar a morar nele: em nossa mente, em nossa emoção e em nossa vontade. Você não tem mais tanta liberdade de pensar no que quiser. No passado você pensava no que queria, mas hoje Cristo está habitando ali. Sua emoção era tão frágil, qualquer coisa o deixava fragilizado, mas hoje você permite, pela circulação da palavra de Deus, que Cristo habite em sua emoção. Também as suas decisões, que eram todas tomadas somente por você, agora não são mais, pois Cristo está habitando também em sua vontade, fazendo com que você comece a tomar decisões lembrando que existe alguém morando em você e que Ele deve ser o Senhor e deve governar sua vida.
  1. Como Cristo consegue ser depositado em você e passa a morar dentro de você? Isso tudo é exercício de fé. É pela fé! Esse exercício faz com que realmente Cristo fique sedimentado em você. Cristo é Deus e traz o próprio Deus para você. Quem é Deus? Deus é amor. Se a procedência da palavra é Deus, e Deus é amor, essa palavra vai circulando entre nós e vai trazer, além de Cristo, o próprio amor! Essa circulação de vida vai depositar Cristo em nós, vai depositar o amor de Deus em nós. É esse amor que vai produzir o primeiro amor. Por que se perde o primeiro amor? Eu cumpro externamente apenas regras exteriores. Eu não me preocupo com essa circulação de vida que faz uma obra interior. Eu preciso que essa palavra faça uma obra interior, então estarei arraigado e alicerçado em amor.
  1. Não podemos viver como se fôssemos um indivíduo. Depois que cremos no Senhor Jesus, Ele nos colocou no Corpo de Cristo. Nós somos um membro do Corpo de Cristo e precisamos de todos os outros membros para poder compreender com todos os santos qual é a dimensão de Deus, a dimensão de Cristo, a dimensão desse amor. Nós não temos noção dessa dimensão, porque, desde que nos entendemos por gente, crescemos e aprendemos as coisas por meio desse corpo físico. Você é feito de três partes: a parte que o prende à terra é esse corpo, porque ele foi feito do pó da terra. Mas seu espírito não foi criado do pó da terra, e sim do sopro do Deus eterno, pois Ele soprou nas narinas do homem Adão o fôlego de vida que se tornou o espírito humano. Como consequência, o homem passou a ser alma vivente. Tanto o espírito humano como a alma do homem não são desta terra. Não estão limitados às dimensões de tempo e espaço desta terra, mas nosso espírito e nossa alma vêm do Deus eterno.
  1. Por isso, depois que cremos no Senhor Jesus, recebemos o espírito regenerado, nascemos de novo e, a partir desse momento, podemos exercitar nossa fé. A fé é um órgão que você pode exercitar e é também como um portal que o transporta dessa dimensão limitada de tempo e espaço para a dimensão onde está Deus: a dimensão da eternidade, de onde veio o sopro para criá-lo. Então você tem que passar por esse portal da fé e começar a ver as coisas da dimensão de Deus, a dimensão eterna, celestial e espiritual – ali tudo é ilimitado! E Deus é ilimitado e infinito. Mas você precisa desse exercício para alcançar essa dimensão. E como vamos conseguir chegar lá e ver a dimensão de Deus do outro lado? Nós precisamos de todos os santos! Eu não posso viver uma vida cristã sozinha. Eu preciso viver a vida do Corpo. Junto com os irmãos, temos reuniões maravilhosas, uma vida da igreja maravilhosa. Isso tudo me proporciona compreender a verdadeira dimensão de Deus, a verdadeira dimensão de Cristo e ainda conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento. Dessa forma, eu começo a conhecer o amor de Cristo, que, na verdade, é o amor de Deus. O amor ágape de Deus é a essência de tudo.
  1. Primeira João 1 mostra que Deus é luz, e o capítulo quarto mostra que Deus é amor. Deus é luz e é amor. Quando você é levado para a dimensão de Deus, percebe que ali não há trevas. A dimensão de Deus é luz, não tem penumbra. A dimensão de Deus é amor. Tudo é amor. A essência e a natureza de Deus são amor. Quando você ultrapassa essa barreira, esse portal da fé, e vai para a dimensão de Deus, você experimenta um amor tão grande que passa a conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento. Nossa mente lógica e natural não consegue ir lá, mas essa fé te consegue levar juntamente com o Corpo para conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento. Com que finalidade? “Para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus”.

Ef 1:9-10, 23

  1. Deus quer encher você, tomar você por meio de enchê-lo com Cristo, com a própria realidade, com o amor Dele. Isso vai produzir o amor fraternal. Quando somos preenchidos com o amor ágape de Deus, é como numa tecelagem, em que os fios verticais são a urdidura, representando o amor de Deus, que nos supre com o amor. Esse amor produz em nós a vida do Corpo, um viver com todos os membros, gerando o amor fraternal. Esses são os fios horizontais, que representam a trama. Estamos sendo transformados em um tecido firme. O amor de Deus é o amor fraternal, e nós vamos dar isso para O Senhor. Assim, quando a igreja é tomada de toda a plenitude de Deus, O Senhor pode voltar! Porque Ele vai usar a igreja como “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas, para Cristo ser o cabeça sobre todas as coisas”, tanto as do céu como as da terra. Deus está só esperando Cristo encher-nos por meio da circulação da palavra. 
  1. Toda semana Deus fala conosco pela palavra, que deve circular entre nós e ser em nós depositada. Dessa forma, nunca vamos perder o primeiro amor. Não é uma questão de seguir a regra da igreja, tudo correto externamente. Você pode seguir tudo, mas ainda viver uma vida cristã fria. Você é frio, falta-lhe entusiasmo, falta-lhe poder. Onde está o poder? Graças ao Senhor, nós não precisamos viver assim. Podemos viver dentro do amor. Mas precisamos estar abertos à palavra. Por isso é importante fazer a imersão refinada. Assim, penetramos com mais profundidade, saímos da superficialidade da letra e entramos mais no sentimento de Deus.

Jó 22:21-25 KJA; 2 Pe 1:19

  1. Outro ponto que precisamos registrar nesta mensagem é com respeito a Jó 22:21-22. Se você ainda está brigando com Deus, você não tem paz, você está em conflito com Deus. É melhor deixar Deus derrotá-lo. Faça as pazes com Deus. Como você vai fazer as pazes com Deus? “Sujeitando-te a ele”. Sujeite-se a Ele! Pare de brigar com o Senhor! Dobre- se a Ele! Mas como se dobrar a Ele? Obedecendo à palavra. “E a prosperidade te alcançará”. Se você fizer as pazes com Deus, parar de ir contra Ele, de ter conflito com Ele, e se sujeitar a Ele, a Sua palavra de ordem, a Sua palavra de comando, a prosperidade vai alcançar você! Isso só confirma o que o Senhor tem feito em nosso meio. Algumas pessoas dizem: “Ah, esse negócio de palavra profética… nós temos que ir para a Bíblia! A Bíblia são as escrituras que Deus nos deixou na mão”. Certo, temos a Bíblia, que realmente é a palavra de Deus. Mas, irmãos, o Senhor, por meio da Bíblia e do ensinamento dos apóstolos, tem o falar da boca Dele toda semana e todo dia para nós! Por um lado, nós temos a palavra escrita, mas, por outro lado, nós temos o que vem da boca de Deus; e o que vem da boca de Deus nos traz orientação. 
  1. É por isso que Segunda Pedro 1:19 afirma que a palavra profética é como a candeia que brilha numa noite escura. No breu você não tem direção, não sabe onde estão as coisas, não sabe para onde vai. Mas, de repente, acende uma candeia, uma luz, e você se orienta. Então a palavra que sai da boca de Deus em todos os momentos é a palavra que nos dá orientação. “Aceita, pois, a orientação que vem da boca de Deus sujeitando-te a ele, e a prosperidade te alcançará.” (Jó 22:21) – isso é inculcar a palavra no coração por meio da imersão. E, “se te voltares para o Todo-Poderoso, serás edificado”. A edificação da igreja, do Corpo de Cristo, não é feita por sua habilidade, por sua capacidade. Alguém pode dizer: “Eu sou um bom mestre da Bíblia. Por meu ensino as pessoas vão aprender, vou edificar a igreja”, mas não é por aí… Nós temos que crer que quem vai edificar a igreja é o próprio Senhor!
  1. O Senhor disse que Pedro era uma pedra, e, sobre aquela Rocha, Ele edificaria a igreja Dele (Mt 16:18). Quem vai edificar é o próprio Senhor. Mas o Senhor precisa da igreja para cooperar com Ele. E isso ocorre por meio de uma igreja que ouve a orientação da palavra que sai da boca de Deus; de uma palavra que circula entre nós como a voz de comando, que nos governa. Nós cremos que o único que tem poder de edificar a igreja é o Todo-Poderoso; nós não temos capacidade. Nossa suficiência vem de Deus. Não temos a capacidade de pensar alguma coisa como se partisse de nós. Nós somos apenas ministros da nova aliança, não da letra, porque a letra mata, mas do espírito, que dá vida (2 Co 3:5-6). Então, se nos voltarmos para o Todo-Poderoso, seremos edificados. O poder é Dele, a capacidade é Dele! 
  1. Prosseguindo na leitura dos versículos de Jó 22, “Se afastares a prática da injustiça da tua tenda” (v. 23). Como tem sido seu viver em sua casa? Como você tem vivido? Inconscientemente nós ainda temos um pé no mundo e um pé no Senhor, na casa de Deus. Um pé no mundo por quê? Você pode dizer: “Não, eu não faço as coisas o mundo, não participo das baladas, das festas do mundo, faz muito tempo!”; mas existe algo que o prende no mundo: o dinheiro. O dinheiro preocupa a todos. É ele que nos traz sustento, porque amanhã, segunda- feira, já temos contas a pagar, boleto chegando. Então nós nos preocupamos tanto com o dinheiro que ele acaba ocupando o primeiro lugar em nossa vida. Ele é tão importante que acaba dominando-nos, assenhoreando-nos. Essa é a injustiça de nossa tenda. Não precisa preocupar-se, o Senhor vai cuidar de sua casa. Se você cuidar das coisas de Deus, Ele vai cuidar de sua casa, de sua tenda. Você acredita? Se “deitares ao pó as tuas riquezas” (v. 24) significa que, para se libertar do dinheiro, você precisa reconhecer que ele não vale nada, que vira pó. Não é que você vai jogar fora seu dinheiro. Mas em seu coração ele já não está mais no primeiro lugar. O Senhor libertou você do dinheiro. 
  1. E deitar “o ouro puro de Ofir que possuis às pedras dos ribeiros” (v. 24) representa que a pessoa tem bastante ouro. Não sei se você tem valor guardado na poupança; hoje ninguém mais coloca na poupança. Quanto você tem investido no CDB, em ações, em imóveis, nisso e naquilo? É tudo “ouro puro de Ofir”! e é ele que comanda sua vida. Você é dirigido por isso, todo dia você fica acompanhando a bolsa de valores por ter ações lá. Você não faz outra coisa. Em vez de fazer a imersão, você está lá todo dia acompanhando seu ouro. Ó Senhor Jesus! Por isso o ouro puro de Ofir que você possui, precisa tornar-se como pedra dos ribeiros, como a pedra que não tem valor. Em vez de dar tanto valor para seus bens, suas propriedades, suas riquezas, enxergue que é apenas um instrumento para viver para o Senhor. Todo o nosso dinheiro é para o Senhor, para Sua obra avançar e para Ele poder voltar. De que adianta acumular riquezas e não ser para a obra do Senhor, para Ele trabalhar para poder voltar? De que adianta isso tudo? Nem no caixão você leva. Nossa vida só faz sentido se fizermos a vontade de Deus. Por isso, irmãos, vamos libertar-nos do dinheiro.
  1. Dando seguimento à leitura vemos: “Então, o Todo-Poderoso voltará a ser o teu tesouro mais precioso e a tua prata predileta” (v. 25). Não é mais “o teu ouro puro de Ofir” a coisa mais preciosa para vocês! Por que diz “voltará”? Porque, quando você era criança e adolescente, você não dava tanto valor para isso. É como os pardais, que não trabalham, e o Senhor mantém vivos todos eles. Como a flor de lírio, que não precisa preocupar-se com o que vestir amanhã, e é mais linda do que uma rainha. Por isso, irmãos, não se preocupem com isso. Quando você era criança e adolescente, você não se preocupava com isso, e agora, depois que se torna adulto, fica preocupado. Vamos fazer com que o Senhor Todo-Poderoso volte a ser nosso tesouro mais precioso e nossa prata predileta. 
  1. Após essa introdução, retornaremos ao conteúdo da história da igreja. A cada mensagem, estamos chegando cada vez mais perto de nosso tempo atual. Já estamos na história recente. Na semana passada, abordamos sobre o século XIX, que já é depois da Reforma, a era da igreja em Sardes. Nessa época a própria reforma não conseguiu ir além da verdade restaurada da justificação pela fé. Estavam muito preocupados porque a escravidão do povo de Deus ao ensinamento de Jezabel na igreja em Tiatira era tamanho a ponto de a Igreja Romana chegar a instituir que tinha o poder de perdoar pecados das pessoas, e não mais o Senhor. A igreja tinha o poder de excomungar as pessoas, e os que fossem assim penalizados estavam fadados a ir para o inferno, e não mais para o céu. Por isso até os reis da terra tinham medo do papa, a fim de não ser excomungados. A Reforma, então, trouxe uma libertação dessas coisas mentirosas, resgatando a verdade de que a justificação não é pelas obras, não é por pagar penitência, não é por comprar indulgências para conseguir aliviar as penas do pecado, mas é meramente pela fé. Se nós cremos no Senhor Jesus, nós somos justificados gratuitamente. Todavia não passou disso. Do século XVI ao século XIX, o que imperou foi isso.
  1. Mas, no século XIX, houve um grupo de irmãos que começou a se preocupar em ver na Bíblia a luz sobre como realmente é a igreja. Porque, até então, mesmo libertos de Tiatira, Sardes ainda trouxe muitos vícios anteriores. Por exemplo, a igreja se libertou do poder de Roma, mas os que estavam na Alemanha precisavam do Estado da Alemanha para dar proteção e respaldo a eles. Então tornou-se uma igreja estatal, a Igreja Luterana. E na Inglaterra também adotaram isso, tornando-se a Igreja Anglicana. E aqueles que consideravam isso um erro começaram a buscar linhas independentes, então surgiu, por exemplo, a Igreja Presbiteriana, e outras. Mas, em termos de verdades restauradas que vieram à tona, à luz, ainda eram poucas.

Mt 18:20

  1. Porém, graças a Deus, esse grupo de irmãos em Dublin, na Irlanda, começou a buscar na Bíblia a unidade do Corpo de Cristo, como realmente podemos viver como membros do Corpo de Cristo. Então eles perceberam que o grande erro foi ter sido criada uma hierarquia na igreja, dando títulos de padre, de sacerdote, de pastor… Existem pastores e mestres na Bíblia, mas não são títulos, são funções. Eles viram na Bíblia, em Mateus 18, que, aonde estiverem dois ou três reunidos em nome do Senhor, a presença Dele estará lá. E assim eles passaram a viver de uma maneira simples em nome do Senhor e não chamavam ninguém mais de qualquer outro título, senão de irmão para irmão. A partir de então, eles foram reconhecidos como “Os Irmãos”, que no Brasil conhecemos como “Os Irmãos Unidos”. 
  1. Muita revelação foi trazida naquela época, mas durou apenas vinte anos, e já aconteceu divisão entre eles. Mesmo essa visão não conseguiu segurar a unidade entre eles. Então surgiram os “irmãos abertos”, que aceitavam mais coisas para acolhimento, e os “irmãos exclusivos”, que eram muito restritos, exigindo que se tivesse a visão da unidade do Corpo para ser aceito, principalmente, no partir do pão. Eles eram muito estritos na questão do partir do pão, que chamavam de comunhão.

Ap 2:6; Êx 19:4

  1. A seguir, uma reflexão sobre o movimento dos “irmãos”. Foi dado um grande passo para Filadélfia: a visão da unidade do Corpo de Cristo e a remoção do sistema clerical. Era um grupo que não mais praticava hierarquia na igreja, sistema de clero e leigos. Porque o Senhor disse à igreja em Éfeso que odeia as obras dos nicolaítas. Deus revelou aos filhos de Israel no monte Sinai, depois de tirá-los do Egito, que faria deles um reino de sacerdotes. Temos sempre que buscar conhecer o coração do Senhor. Não adianta ficarmos na doutrina, na superficialidade da letra. Nós precisamos entender o que o Senhor realmente quer. Deus só quer um povo Dele, que é chegado a Ele. Deus não quer criar um sistema religioso. Deus não quer um povo religioso, mas um povo íntimo Dele, que O entende, que entende Seu coração. E Ele consegue ter esse povo por Sua palavra: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz”. É tudo pela palavra que sai da boca de Deus.

Êx 19:5-6

  1. Se nós queremos agradar ao Senhor, entender o coração do Senhor, nós precisamos aprender a ser diligentes em ouvir Sua voz e guardar Sua aliança. Guardar é praticar. A voz do Senhor, Sua palavra, é sempre uma voz de comando, uma ordem, e cabe a nós praticar e obedecer o que a palavra manda. “Então sereis minha propriedade peculiar, dentre todos os povos; porque toda a terra é minha” – toda a terra é do Senhor, no entanto Ele não tinha um povo que fosse Dele. Mas Ele os tirou do Egito, o que representa a mesma coisa de hoje Ele nos ter tirado do mundo. O Egito é o mundo. Vocês todos foram tirados do mundo e foram chegados ao Senhor, chegaram-se a Ele. Porque o Senhor quer fazer de nós uma propriedade peculiar. Nós somos a propriedade do Senhor. A vontade do Senhor era que eles fossem reino de sacerdotes, e hoje todos somos sacerdotes. Não é preciso clero e leigos. Todos funcionam. Todos são sacerdotes que servem ao Senhor, e somos nação santa, com a natureza santa de Deus. 
  1. E por que surgiu a classe de sacerdotes no meio do povo de Israel? Moisés subiu ao monte, Deus foi passando para Ele toda a Lei, os Dez Mandamentos. Como ele demorou a descer, o povo começou a prevaricar embaixo. Passaram a pressionar Arão para fazer um bezerro de ouro e chamaram o bezerro de ouro de deuses que os tiraram do Egito. Deus ficou extremamente irado e indignado, e disse para Moisés descer logo a fim de ver que o povo já estava fazendo essa rebelião. Então Moisés quebrou as duas tábuas da Lei e chamou os que eram de Deus para ir para o lado dele. A tribo de Levi foi para o lado de Moisés. Este, então, disse para puxarem de suas espadas e matarem os idólatras, e eles mataram seus próprios irmãos. Por causa desse acontecimento, essa tribo se tornou uma tribo de sacerdotes. Mas antes não era assim. Deus queria que todo o reino fosse de sacerdotes. 

Ef 4:11-12; 4:12 KJA

  1. Mas agora, no Novo Testamento, Cristo morreu por nós e gerou a igreja. Na igreja não há mais classe de sacerdotes e de leigos, sistema de pastores e de membros leigos. Todos devem ser sacerdotes. Todos devem ser restaurados para funcionar como membros do Corpo de Cristo. Em Efésios 4 vemos que não se trata de uma classe diferente de irmãos, mas de pessoas a quem o Senhor deu dons e aperfeiçoou, tornando-os homens-dons, que Deus deu para a igreja de presente, não para substituir os outros membros do Corpo de Cristo, mas para aperfeiçoar os santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do Corpo de Cristo. Os homens-dons não são uma classe de pessoas que têm títulos, mas são pessoas que têm funcionamento. Eles não são para substituir outros, mas para aperfeiçoar os outros a fim de todos funcionarem. O versículo 12 diz: “Para o desempenho do seu serviço” e, na versão King James Atualizada, lemos: “Para a obra do ministério”. Então qual é nosso ministério? É a edificação do Corpo de Cristo. A responsabilidade da edificação da igreja não recai sobre um ou outro, mas sobre todos os membros do Corpo de Cristo. 

Ef 4:15-16

  1. Os versículos 15 e 16 mostram como é algo orgânico, não segundo uma instituição religiosa com estatutos, organograma, criada pelo homem. Mas é para crescer Naquele que é a Cabeça, Cristo. O Corpo é da Cabeça, não é de nenhum de nós. O Corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o próprio crescimento (ou aumento) para a edificação de si mesmo na esfera do amor. A essência de Deus é amor. A edificação de Deus tem que ser feita na esfera do amor. Não há competição entre nós, não há ciúmes, invejas, disputas, divisão, não há nada disso. Nós somos membros, edificando-nos em amor. 

1 Pe 2:5, 9-10; Mt 20:20-26

  1. Tudo é por intermédio de Jesus Cristo, é o que agrada a Deus. Nós somos pedras vivas e somos edificados casa espiritual quando exercemos nosso sacerdócio. Em Mateus 20, Jesus nos adverte sobre o que é a igreja. O contexto era que a mãe de Tiago e João, por ser parente de Jesus, foi tentar um privilégio especial para seus filhos perguntando se, quando chegasse o reino dos céus. Jesus poderia colocar um a Sua direita e outro a Sua esquerda. Jesus disse que não cabia a Ele isso. Os outros dez discípulos, ouvindo isso, ficaram bravos com os dois irmãos, por ser um trabalho “à surdina”, tentando passar à frente de todo mundo. Então Jesus explicou para eles que no mundo os governadores e os maiorais exerciam autoridade, mas que não era assim entre eles. A igreja não é uma organização do mundo. A igreja é um organismo vivo. Somos membros de um Corpo vivo, o Corpo de Cristo. Não são alguns determinados como dominadores e outros como governadores sobre os outros. Isso funciona no mundo.
  1. Todo o reino de Deus é pela vida, e tudo o que não é pela vida precisa de uma organização e de uma estrutura de poder. Sem uma estrutura de poder, esse reino não funciona. O governo que governa nosso país faz parte desse reino sem vida, que precisa de estrutura de poder. Na democracia há a organização da estrutura de poder em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Os demais abaixo desses também possuem outras estruturas de poder. Em uma empresa, há o presidente, o vice-presidente, a diretoria, os gerentes, o chefe de seção, o chefe de departamento. Cada um tem um chefe acima, um Labão. Essa é a estrutura de poder para essas organizações funcionarem. Mas a igreja não é essa organização, ela é um organismo vivo. A Cabeça é quem manda, nós somos membros do Corpo de Cristo, e entre os membros do Corpo de Cristo existe ordem, sim. Mas não é hierarquia estabelecida. A ordem é estabelecida pelo funcionamento. Sua função determina sua ordem, é só isso. É para funcionar, não é para mandar sobre os outros. Ó Senhor Jesus! 

Mt 20:26-28

  1. O Senhor disse aos discípulos: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva”. Esse verbo “servir” é muito importante. Cabe a nós servir. Quem quer ser grande? Esse tem que trabalhar mais e servir os outros. Nós estamos aqui não para constituir nossa própria estrutura de poder. Infelizmente, irmãos, durante muitos séculos da degradação, surgiram na igreja muitas pessoas que se aproveitam da estrutura eclesiástica para estender sua estrutura de poder, para mandar, para dominar. Isso é coisa feia, porque na igreja somos apenas membros do Corpo de Cristo.
  1. Quem realmente deve governar é Cristo como a Cabeça da igreja, e cabe a nós ter esse mesmo espírito que Jesus teve enquanto esteve aqui na terra. Não é ser servido: vamos servir! Nosso espírito aqui é servir! Nós somos servos. Diga para si mesmo: “Eu sou um servo!”. Um servo não busca reconhecimento. No tempo em que foi escrito o Novo Testamento, servos eram povos vencidos de guerra, trazidos e vendidos como escravos, e trabalhavam sem salário, sem reconhecimento, sem o “muito obrigado”. Nós precisamos aprender a ser assim. Vamos servir ao Senhor sem esperar nada em troca. Sem esperar “muito obrigado”, nem muitos louvores, nem elogios, nem reconhecimento. O Senhor está vendo tudo. Ele nos vai galardoar naquele dia. Mas aqui na terra não; aqui somos servos. Não fique buscando galgar posição por meio de seu serviço, montar estrutura de poder. Nós temos que ser simples. Estamos aqui é para servir. Quanto mais eu puder ser útil ao Senhor, servir mais irmãos, mais eu sou alegre, estou satisfeito. Meu salário é este: satisfação em ver as coisas funcionando. 

Mt 23:8

  1. Não há classes diferenciadas entre nós. Nós somos irmãos e irmãos. Muitas pessoas entram na igreja e estranham: “Aqui não há pastor, não há sacerdote”. Mas há sim. Há muitos pastores e muitos sacerdotes. Todos são sacerdotes, mas em função, não no título. Por isso estranham chamarmos “irmão Dong”; se fosse líder de qualquer outro grupo, seria tratado como reverendo, apóstolo ou algum outro título. Mas entre nós não há títulos. O único título entre nós é irmãos. Temos a mesma vida correndo entre nós, somos apenas irmãos e temos uma só Cabeça, que é Cristo. 
  1. Voltando à história da igreja, no século II, criou-se a classe de bispos, fato esse que introduziu o conceito de hierarquia na igreja e posteriormente a ideia de classe mediadora entre Deus e os homens, criando pontífices. Pontífice é uma classe mediadora, a ponte entre o homem e Deus, a ponte entre pessoas que só lidam com as coisas seculares e pessoas que só lidam com as coisas de Deus. Por fim, o sistema papal foi totalmente estabelecido, e o padre tornou-se o mediador entre o homem e Deus. Sardes não se libertou desse sistema de classe mediadora; no lugar de padres, estão os pastores que foram ordenados. 
  1. Então Deus, no século XIX, usou os “irmãos” para restaurar o amor entre os filhos de Deus, independentemente da denominação a que cada um pertencia. A classe mediadora foi abolida, todos eram tratados como irmãos. E tiveram a revelação de que a igreja era o Corpo de Cristo, e todos eram membros do Corpo, por isso eles eram um e não podiam ser divididos. Foram grandemente abençoados por Deus pela revelação da palavra; no entanto, após vinte anos, ocorreu divisão entre eles. Dividiram-se em dois grupos: os “exclusivos” e os “abertos”, e derivam-se deles muitas facções.
  1. Qual foi a razão desse problema? Parece que se deu um grande passo em direção à Igreja em Filadélfia. Mas por que ainda não deu tudo certo? Porque, vinte anos depois, já aconteceu essa divisão. Vamos usar a explicação de Watchman Nee, no livro “A ortodoxia da igreja”, publicado pela Editora Árvore da Vida (p. 85): “Devemos ser muito cuidadosos e humildes; do contrário, seremos envolvidos no mesmo erro. Cremos que qualquer tipo de divisão é resultado da perda de amor de um pelo outro”. É por isso que precisamos buscar o primeiro amor! Ele não vem pela doutrina, não vem pelos sermões, vem pela circulação da vida, pela palavra. Se nós queremos manter-nos amando uns aos outros, manter o amor fraternal entre nós forte, vamos continuar permitindo que a palavra circule entre nós e deposite o amor de Deus em nós. 
  1. Prosseguindo no trecho da leitura do supracitado livro: “Quando o amor não existe ou está faltando, as pessoas dão atenção às leis, enfatizam comportamentos forçados e perdem-se em detalhes procurando falhas”. Por exemplo aquela situação tão estrita com relação a aceitar as pessoas para partir o pão desde que tenham a mesma visão. Nós procuramos falhas, ficamos muito judiciais. Continuando a leitura, vemos: “Uma vez que o amor está em perigo, as pessoas ficarão orgulhosas de si mesmas e invejosas das outras, gerando, então, controvérsias e disputas. O Espírito Santo é a força da unidade, enquanto a carne é a força da divisão. A menos que a carne seja tratada, cedo ou tarde ocorrerá a divisão”. Se você vive na carne, no fim das contas vai dividir-se, vai causar alguma divisão. Por isso, irmãos, vamos viver no espírito. 
  1. Em continuidade à leitura, vemos: “Além do mais, creio que a carência dessa época foi que os Irmãos Unidos não viram a base e o limite da igreja. Eles viram claramente, do lado negativo, os pecados da igreja, mas, do lado positivo, quanto à igreja deve amar um ao outro e ser unânime quanto à base e limite da cidade, eles não viram adequadamente. A Igreja Católica Romana dá atenção à união de uma igreja nesta terra, enquanto os Irmãos Unidos deram atenção a uma união idealista de uma igreja espiritual nos céus”. Eles não conseguiram ter uma unidade prática, mas sim idealista. 
  1. Finalizando o trecho do livro, temos: “Eles não viram ou, pelo menos, não viram tão claramente que o amor de uns pelos outros nas epístolas é o amor de uns pelos outros na igreja em uma cidade; a unidade é a unidade da igreja em uma cidade; o ajuntamento é o ajuntamento da igreja em uma cidade; a edificação é a edificação da igreja em uma cidade. De qualquer forma, somente dois tipos de pessoas falam sobre a unidade da igreja: a Igreja Católica Romana fala da unidade de todas as igrejas na terra, enquanto os Irmãos Unidos falam da unidade espiritual nos céus. Como resultado, a primeira não é senão a unidade em aparência exterior, enquanto a última é uma unidade idealista; na verdade, porém, é divisiva. Ambas não atentaram para a unidade da igreja em cada e toda cidade, como registrado na Bíblia”. 
  1. O irmão Watchman Nee estava enfatizando, na leitura acima, que a unidade prática deve acontecer em cada cidade. A base da unidade no limite da localidade significa que, para edificar a igreja, nós precisamos edificá-la no terreno correto. Você não vai construir sua casa no terreno do vizinho, mas precisa ter um terreno para contruí-la de acordo com seu projeto. Uma coisa é a edificação de sua casa; outra coisa é o terreno. Cristo também tem Sua igreja para ser edificada. Para Ele edificar Sua igreja, Ele tem que edificar em um terreno certo. Ele não pode edificar a igreja em um terreno divisivo, mas que pertença apenas a uma denominação, a uma facção. Jesus tem que edificar Sua igreja na base da unidade, a base correta, o terreno correto, que inclui todos os filhos de Deus. Como exemplo, embora em São Paulo hoje, infelizmente, haja muitas denominações, muitos grupos cristãos já criados, cada um tendo um terreno divisivo, cada um tendo sua profissão da fé, Deus precisava restaurar a tal ponto que houvesse alguns que tivessem enxergado qual é o terreno certo e que voltassem a ele para começar a edificar no terreno certo. 
  1. O povo de Judá, por exemplo, foi levado para o cativeiro babilônico. Eles estavam espalhados na Babilônia, e Deus disse que aquele não era o local certo para a edificação do templo, que teriam que voltar para Jerusalém. Então Deus preparou o rei Ciro, da Pérsia, que fez um decreto dando apoio a quem do povo tivesse um coração de voltar para Jerusalém para reconstruir o templo de Deus. Isso é coisa de Deus, Ele conseguiu fazer isso. Havia provavelmente milhões de judeus espalhados pela Babilônia, mas voltaram apenas cinquenta mil judeus. Mas esses cinquenta mil judeus que foram para Jerusalém e reedificaram o templo estavam no terreno certo. Quem ficou na Babilônia, espalhado ali, estava no terreno errado, porque o templo não poderia ser edificado lá. Então, irmãos, tem que ser na base correta. 
  1. Por exemplo, o pão que nós partimos aqui inclui todos os filhos de Deus genuinamente regenerados pelo Espírito na cidade de São Paulo. Todos eles estão nesse pão. Não somos só nós. Todos eles fazem parte dessa igreja. É isso que Watchman Nee viu. A edificação começa em uma igreja, mas não se limita a isso. O Corpo de Cristo não é só uma igreja numa cidade, mas são todas as igrejas. Hoje nossa visão se ampliou mais do que essa visão do irmão Watchman Nee. Nossa visão é de que, se, em cada cidade, nós temos irmãos reunindo-se no terreno certo, a edificação da igreja não pode limitar-se só à edificação de uma igreja, mas de todas as igrejas. Elas juntas é que formam o Corpo de Cristo. Somos todos membros do mesmo Corpo, estamos edificando a mesma igreja. Então começamos praticando a igreja no terreno correto em cada cidade, mas não nos limitamos a isso. Nós temos que ter uma visão maior, global. O Corpo de Cristo não é só uma igreja local, mas são todas as igrejas. 
  1. Segundo o irmão Watchman Nee, os irmãos “exclusivos” optaram pela unificação de todos eles, independentemente da cidade em que estivessem, caindo no erro da igreja unida – os irmãos “exclusivos” defendiam que quem não participasse da visão deles não poderia ter comunhão com eles, nem partir o pão com eles, e que não importava em que cidade eles estivessem, todos os que tivessem a mesma visão que eles formavam uma igreja. Então isso escapa do limite da localidade de que o irmão Watchman Nee falava. 
  1. O autor também cita outros irmãos, os irmãos “abertos”, os quais exigiram administração independente de cada grupo de reunião, caindo no erro da Igreja Congregacional. Infelizmente hoje estamos vendo isso acontecer. Cada um é independente, e eles se unem, mas pegaram o caminho das igrejas congregacionais. Os primeiros [irmãos “exclusivos”] excederam o limite de uma cidade; os últimos praticaram a unidade com o limite menor que uma cidade. A palavra de Deus revela que em uma cidade deve haver uma só igreja; várias igrejas em uma cidade divide a unidade que a Bíblia exige. 
  1. Realmente, irmãos, se formos ver toda a Bíblia, Jerusalém tinha dezenas de milhares de salvos, mas você nunca consegue achar na Bíblia escrito “as igrejas de Jerusalém”. A igreja é uma só. Antioquia talvez fosse uma igreja bem menor que Jerusalém, mas continua no singular: “a igreja em Antioquia”, como “a igreja em Corinto” e “a igreja em Éfeso”. Mas, quando se trata de uma região maior que uma cidade, podemos ver que a Bíblia é muito precisa. Ela cita: “as igrejas da Ásia”, “as igrejas da Galácia”, “as igrejas da Macedônia”.
  1. Vamos falar um pouco sobre o irmão Watchman Nee, não como uma biografia porque não cabe aqui pelo tempo e não é a intenção. Mas a intenção é mostrar o progresso, os passos que o Senhor está dando em direção à Filadélfia, até chegar aos dias de hoje. Watchman Nee foi um instrumento de Deus para a igreja dar um grande avanço em direção à Filadélfia. Salvo em 1920, aos dezessete anos de idade, em Fuchow, capital da província de Fukien, na China, aceitou o Senhor Jesus como seu Salvador e, ao mesmo tempo, recebeu o chamamento para servir ao Senhor. Ele é peculiar. No momento em que se converteu ao Senhor, o Senhor já o chamou para a obra Dele. Watchman Nee recebeu toda a influência de uma missionária chamada Dora Yu.
  1. Dora Yu foi salva bem jovem e enviada pela família à Inglaterra para estudar medicina. Quando seu navio aportou em Marselha, no sul da França, recebeu um forte chamamento para voltar e pregar o evangelho na China. Iniciou seu trabalho totalmente pela fé, em um subúrbio de Xangai, e tornou-se uma testemunha prevalecente do evangelho, levando centenas de pessoas ao Senhor. Em fevereiro de 1920, ela foi convidada a pregar em Fuchow. Entre muitos que se converteram fortemente ao Senhor, estava a mãe de Watchman Nee, que teve uma grande mudança em sua vida a ponto de despertar curiosidade nele. A mãe dele tinha o temperamento muito forte, mas, de repente, foi transformada.
  1. Watchman Nee foi à reunião no dia seguinte e foi capturado pelo Senhor naquela mesma noite. Com grande desejo de servir ao Senhor, foi aceito por Dora Yu em sua escola bíblica em Xangai; porém, acostumado a dormir até tarde, gostar de boa comida e de roupas finas, voltou para casa e terminou o colégio. Sentiu-se decepcionado, percebeu que havia muito que aprender, que era muito carnal e precisava de tratamento do Senhor. Foi aperfeiçoado por Margaret Barber, uma missionária anglicana, de quem aprendeu a viver debaixo do operar da cruz, ou seja, a não viver pela lógica, pelo certo ou errado. Ele lia muitos livros e colecionou os escritos dos “irmãos”, os quais lhe deram base para receber mais luz na palavra. Muito da base bíblica dele veio dos Irmãos Unidos.
  1. O encargo inicial de W. Nee era pregar o evangelho; quase todos os seus colegas da escola se converteram ao Senhor, o que resultou em um reavivamento. Passou a pregar em sua cidade natal, e, com a ajuda de seus cooperadores, centenas de pessoas foram salvas, o que ajudou a igreja em Fuchow a crescer. A partir de seu segundo ano escolar, em 1922, ele começou a pregar o evangelho a seus colegas, e muitos foram salvos. Centenas de pessoas eram salvas ao mesmo tempo. Com exceção de um, todos aqueles cujos nomes anotou em seu caderno para oração foram salvos. Ele tinha o hábito de ter um caderno de oração para orar por seus colegas. 

1Co 1:12-13

  1. Começou a procurar espaços para reuniões, a fim de expandir a obra de evangelização. Em seguida veio a questão de a que denominação pertencia. Sua família era da Igreja Metodista. Como ele já havia ganhado centenas de pessoas para o Senhor, eles precisavam reunir-se, e surgiu a questão de como iriam reunir-se e à qual denominação iriam pertencer. Ao ler a exortação de Paulo sobre divisão em 1 Coríntios, sobre o fato de cada um dizer: “Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Acaso, Cristo está dividido? (1 Co 1:12-13), ele percebeu que um dizer que era da Igreja Presbiteriana, e ele era da Igreja Metodista, e um terceiro da Igreja Batista não era bíblico. Como membro da Igreja Metodista, ele estava em uma espécie da sociedade. Embora não pertencesse a seu sistema, ainda não escaparia das consequências. E estaria promovendo divisão no Corpo de Cristo. Ele viu a gravidade disso. 
  1. Voltou a ler a Bíblia de maneira minuciosa, focado na unidade da igreja, e viu o limite da localidade como a prática da unidade da igreja nas Escrituras. Viu que a igreja é uma só, universalmente, e sua prática em cada cidade também é uma só. Jerusalém era uma cidade onde, já no início, havia milhares de pessoas salvas; era a igreja em Jerusalém, todos os seus membros pertenciam a uma só igreja. Assim era a igreja em Antioquia, a igreja em Éfeso, etc. Com essa visão da unidade, Watchman Nee, Leland Wang e sua esposa partiram o pão e tomaram o cálice em uma noite de 1922, não na base da divisão de uma denominação, mas sobre o terreno da unidade da igreja na cidade de Fuchow, no sul da China. Com muita alegria adoraram o Senhor, pois estavam sobre a base segundo a qual todos os verdadeiros filhos de Deus naquela cidade faziam parte do pão que partiram. Essa era a visão que Deus deu para ele. 

50.  O ministério de W. Nee pode resumir-se a Cristo e a igreja. As revelações que Deus lhe deu, aliadas aos sofrimentos, resultaram em um ministério muito equilibrado, com uma visão muito clara de Cristo e da igreja. Sua visão sobre Cristo tinha ênfase na vida, e sua visão sobre a igreja era sobre o conteúdo (a realidade) e a prática da igreja. – não era doutrinária sua pregação. No quesito igreja, seu encargo era estabelecer e edificar igrejas na base correta da unidade para a satisfação do desejo de Deus. O resultado de seu ministério na época em que foi preso pelo governo comunista, em 1952, foram aproximadamente 400 igrejas levantadas na China, e ainda 30 igrejas em diversos países do sudeste asiático: Singapura, Malásia, Tailândia e Indonésia. 

  1. Nesse meio tempo, o Senhor preparou outro jovem para ser aperfeiçoado por Watchman Nee: Witness Lee. Watchman Nee foi salvo em 1920, e Witness Lee foi salvo em 1925, ao norte da China, na província de Xantum. Aprendeu as verdades bíblicas ao frequentar a Assembleia dos Irmãos Unidos, da facção de Benjamin Newton; apesar de ter adquirido muitos conhecimentos, recebeu muito pouca vida. Em busca de vida, conheceu os artigos de Watchman Nee em um periódico cristão chamado de “A Estrela da Manhã”, e mais tarde tornou- se assinante da revista “O Cristão”, de Watchman Nee, de 1925 a 1927. E assim por correspondência e depois pessoalmente, conheceu Watchman Nee, o qual o aperfeiçoou ao longo dos anos, tornando-o seu cooperador mais próximo. Devido à situação política crítica na China, o irmão Nee convocou uma conferência urgente com todos os cooperadores em Xangai, em novembro de 1948, para decidir se deveriam permanecer na China ou sair de lá. Era um momento de extrema gravidade, então sugeriu que Witness Lee deixasse o país. Ele anunciou a todos os demais cooperadores que deveriam permanecer no país, incluindo ele mesmo. A situação política se agravou, o que exigiu que Witness Lee partisse para Taiwan em maio de 1949.
  1. No início de 1950, Watchman Nee visitou Hong Kong pela última vez. Witness Lee instou-lhe que não voltasse à China, porém o irmão Nee disse que não podia deixar de cuidar de tantas igrejas no continente. Watchman Nee foi sem dúvida um grande servo de Deus que permitiu que Deus desse um grande passo em direção à igreja em Filadélfia, a igreja segundo a vontade de Deus. A visão da unidade da igreja segundo o limite da localidade deu a nós a prática da igreja com a base correta, que inclui todos os filhos de Deus verdadeiramente regenerados pelo Espírito em cada cidade. Essa base correta é de extrema importância para o Senhor confiar Sua palavra destinada a todos na igreja, a palavra profética. No entanto ainda faltava a visão de que a palavra profética estabelece na prática o governo da igreja, assunto esse que desenvolveremos mais tarde.

Ap 1:11-13, 19-20

  1. Em Apocalipse 1, você vê que o Senhor pediu para que João registrasse o que ele vira das visões (versículo um, que é a revelação de Jesus Cristo), e que fosse escrita e enviada uma carta para cada igreja. O Senhor mencionou o nome de sete cidades, mas disse que eram sete igrejas. Então a igreja tem o nome da cidade. É conhecida pelo nome da cidade. E essas sete igrejas são os sete candeeiros de ouro. João viu Um que circulava entre os sete candeeiros de ouro, vestido de Sumo-sacerdote, que é nosso próprio Senhor Jesus Cristo. Então, irmãos, embora haja sete igrejas, sete cidades, elas representam a igreja como um todo. Quem circula entre as sete igrejas é o Senhor. Na prática, de que maneira o Senhor está circulando entre nós? Pela palavra! A presença do Senhor hoje está em Sua palavra. A palavra é Ele mesmo circulando entre nós. As sete igrejas representam todas as igrejas que pertencem ao Corpo de Cristo, e essas sete igrejas também têm, no sentido profético, a história da igreja, desde o primeiro século até a volta do Senhor.

Ap 1:1; 2:1, 8, 12; Zc 4

  1. A partir do segundo capítulo, você vai ver que cada carta é entregue para o anjo da igreja mencionada. E quem são os anjos das igrejas? São os mensageiros, os servos. Deus quer falar com a igreja, quer mandar uma mensagem para ela. Ele usa Seus servos, que são Seus mensageiros, os anjos das igrejas. Cada um desses mensageiros se reúne em alguma cidade, em alguma igreja. A palavra hoje que o Senhor nos está revelando, que sai de Sua boca, que nos alimenta, nos dá direção, nos governa, que nos faz avançar, executar a obra de Deus, é essa palavra da revelação de Jesus Cristo que Deus quer revelar a nós, servos. Mas, em vez de revelar a todos, Ele notifica um. No caso, em Apocalipse, foi João. Ele foi notificado, mas a revelação não é dele. Ele recebeu a notificação e fielmente passou para o grupo de servos. E quem são esses servos hoje? São esses irmãos que funcionam para transmitir a palavra que o Senhor manda para a igreja, para os membros do Corpo de Cristo. 
  1. Isso está em Zacarias 4, na ilustração das duas oliveiras, dois bicos de ouro, derramando a palavra que Deus manda em cada época, o azeite dourado num vaso. E esse vaso representa o grupo de servos, os mensageiros que devem passar fielmente pelos sete tubos de ouro para abastecer as sete lâmpadas do candeeiro de ouro. É assim que funciona a igreja. Se o Senhor tem uma palavra, uma mensagem para a igreja, Ele manda que essa mensagem seja entregue para a igreja. Hoje, se um anjo fosse entregar a mensagem para a igreja em Éfeso, ele chegaria à cidade de Éfeso e não saberia para quem entregar. No tempo de Watchman Nee, entregaria para Presbiteriana, Metodista ou para a Congregacional? Para qual igreja? Porque nenhuma delas poderia representar todos os filhos de Deus naquela cidade. Por isso, irmãos, é tão importante o avanço que Deus deu a partir da visão que Ele deu para Watchman Nee. Isso nos deu um grande benefício: uma base correta, um terreno correto da unidade. E nos deu a representatividade. Nós conseguimos representar todos os filhos de Deus em cada cidade. Então nós somos autorizados a receber a carta, a mensagem, a palavra profética. 
  1. Em álgebra, na hora em que você desenvolve os teoremas, você apresenta uma tese e tenta aprovar, demonstrar. Muitas vezes você precisa de condição necessária, mas você também precisa de condição suficiente. Às vezes a condição necessária é difícil de achar, mas não necessariamente essas condições necessárias são suficientes. A visão que o Senhor nos mostrou por meio do irmão Watchman Nee é uma condição necessária para podermos receber a palavra profética. Mas não é condição suficiente para estabelecermos os limites do governo da igreja. Sobre isso vamos falar mais tarde. 
  1. Graças ao Senhor pelo grande avanço! Eu louvo o Senhor pelo momento em que nós estamos vivendo. Muitos irmãos no passado passaram por poucas e boas para nos dar essa condição maravilhosa. Hoje estamos recebendo a palavra que sai da boca de Deus, temos esse privilégio, estamos vendo com nossos próprios olhos que a palavra está operando entre nós, executando a obra de Deus, sendo nós, eu diria, os trabalhadores mais indignos. Você não se sente assim? Nós somos os trabalhadores mais desqualificados. Menos qualificados do que aqueles trabalhadores que trabalhavam de três em três horas. E o Senhor foi chamar de última hora, quem sabe, nas encruzilhadas. Foi achar os cegos, os paralíticos, os da caverna de Adulão, e está usando-nos por Sua misericórdia. Por isso não se orgulhe. Vamos manter a humildade, vamos seguir adiante! Vamos cumprir a vontade do Senhor e trazer o Senhor de volta! Amém!

 

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