Conferência Internacional M14 – Habitação de Deus no Espírito

 

 

Palavra ministrada pelo irmão Pedro Dong na Conferência Internacional, realizada na Estância Árvore da Vida (Sumaré-SP) e transmitida pelo Instituto Vida para Todos em 10/09/2022. Texto não revisado pelo autor.

Não temos como agradecer ao Senhor por tudo o que Ele tem feito em nosso meio. Ele tem realizado coisas de forma acelerada, nos dando forças excepcionais. Como trabalhadores da última hora, precisamos de ferramentas e postura diferentes, condizentes com nossa posição. Nossa rotina de reuniões já não pode estar cheia da mesma liturgia e rotina de sempre: ao chegar às portas dos locais de reuniões, já precisamos estar cheios de espírito, de energia e de alegria. Precisamos revolucionar nossas reuniões com entusiasmo, excelência e inclusão!

Já não temos mais tempo para gastar com palavras meramente políticas, da maneira convencional. A volta do Senhor está às portas, precisamos ser produtivos e usar cada palavra de cada mensagem para apressar ainda mais essa volta, para frutificar!

Ef 1,2

Da maneira convencional, nós entendíamos o capítulo 1 de Efésios como o plano de Deus mostrado sob o ponto de vista do terceiro céu. De fato, tudo começa com a bênção de Deus nos lugares celestiais. Quanto ao capítulo 2, nossa interpretação convencional é de que ele é iniciado cá em baixo, no delito, no pecado e no nosso ser natural. Na verdade, no texto original, os capítulos 1 e 2 estão totalmente vinculados, sendo inclusive um único e contínuo capítulo; essa separação ocorreu somente para facilitar o entendimento dos leitores. Em nosso entendimento atual, portanto, vemos que o capítulo 2 explica o que o primeiro iniciou, quando passou a falar da suprema grandeza do poder de Deus. O autor então explica que esse poder é tão grande que ressuscitou a Jesus e o colocou acima de todas as coisas e nomes.

Deus quer dar esse poder à igreja, pois ela ainda precisa executar uma tarefa: encabeçar todas as coisas em Cristo. Essa é nossa responsabilidade: encabeçar todas as coisas Nele na prática, começando por nós mesmos. O início desse processo é o encabeçamento total de Cristo sobre a própria igreja: Ele precisa encabeçar todo nosso ser tripartido.

Deus então quer usar esse poder para nos capacitar para essa tarefa; para isso que Ele nos buscou na morte. Estávamos perdidos em nossos delitos e pecados, mas Ele nos resgatou para nos dar vida e nos fazer parte de Seu corpo, nos ressuscitou juntamente com Cristo.

Esse poder é tão grande que, no momento em que cremos, Ele nos uniu na experiência da ressurreição de Jesus. A suprema grandeza com aqueles que creem, também nos leva aos lugares celestiais com Cristo. Isso não vem pelas nossas obras, mas é dom de Deus, tudo veio pela graça e misericórdia divinas. Por fim, o Senhor quer nos fazer uma obra-prima, nova criação. Essa obra-prima é para nos tornarmos em casa do Senhor, algo que Ele possa habitar.

Ef 2:11; Gn 17:9-12; Gn 3

A grande maioria de nós é composta por gentios, os chamados “incircuncisos” pelos judeus. Essa circuncisão, porém, é realizada na carne, por mãos humanas. Deus é que indicou a necessidade de circuncisão, ainda em Gênesis em uma aliança com Abraão. Em Gênesis 3, a serpente ofereceu à humanidade a capacidade de julgamento distante da dependência de Deus. Quando o fruto foi aceito, o Senhor perdeu a humanidade, que agora estava caída em seus delitos e pecados. Em Gênesis 6, a situação piora quando os filhos de Deus, os anjos, deixaram seu domicílio e tomaram as filhas dos homens por mulheres, se misturando à humanidade e aumentando a violência e o pecado na terra. Assim, houve o dilúvio para que os filhos dessa mistura fossem eliminados e o Senhor tivesse um novo começo a partir de Noé.

Posteriormente, houve a construção da torre de Babel, um símbolo do governo humano e da independência dos homens em relação a Deus. A partir disso, Ninrode introduziu também a idolatria; foram instaurados os sacrifícios aos ídolos em prol de ajuda e proteção. Desse momento em diante, todas as nações na terra se tornaram idólatras e pagãs, distantes do encabeçamento do Senhor. Deus então chamou Abraão, a partir do qual deveria nascer um povo diferente, submetido à Sua vontade.

O que envenenou o homem em sua queda é a capacidade que acredita ter, a suposta habilidade de viver longe da palavra de Deus e de Sua autoridade. Essa independência é o que ainda nos dias de hoje nos causa tantos problemas: em nós mesmos, não temos capacidade, pois fomos criados para depender de Deus.

O Senhor então, fez uma aliança com Abraão: a circuncisão, um símbolo para que o homem já não confiasse na própria carne, mas sim no Espírito. Precisamos depender de Deus nos afastando da ideia de que somos autossuficientes e capazes. A ordem para a descendência de Abraão era de que não confiassem mais em si mesmos e no homem natural, mas em Deus.

Cl 2:11; 3:10-11; Fl 3:3; Ef 2:12-; Gl 4:4

A realidade da circuncisão, porém, só foi consolidada em Cristo. Ela já não é mais realizada por mãos humanas, mas sim em um plano espiritual. A igreja foi circuncidada Nele, e já não há mais entre nós a separação da circuncisão e incircuncisão físicas. O trabalho que o Senhor quer fazer em nós hoje é esse: que não confiemos mais na carne e seus aspectos, mas tenhamos total dependência Dele.

Antes da vinda de Jesus, o povo de Israel era de fato um povo fisicamente circunciso, que sequer se misturava com aqueles que não eram circuncidados. Essa postura, porém, não significava que eles eram submissos à autoridade divina em seus corações, mas somente que eram apegados aos mandamentos como lei.

Cristo procedeu de Israel, o povo circuncidado. Todos os outros povos na terra eram pagãos, idólatras e sem orientação divina. Nós, como gentios, estávamos perdidos. Mas agora, pela fé em Cristo, fomos aproximados por Seu sangue! Essa mudança só é possível em Cristo Jesus, pela fé. Estávamos longe, mas pelo Seu sangue fomos redimidos e aproximados de Deus!

Ef 2:14; At 10

O grande poder de Deus fez com que nossos pecados fossem perdoados, nos colocando nos lugares celestiais em Cristo. Ainda há, porém, um grande problema: a inimizade entre judeus e gregos. O Senhor quer trabalhar em nós, para nos tornar em Sua obra-prima, sem fazer distinção entre gentios e circuncisos. A mesma porta do Reino dos Céus que foi aberta para os judeus que creram, também foi aberta para os gentios. Por isso Cristo precisou abolir em Sua carne as ordenanças, unindo judeus e gentios e extinguindo, em Si, a inimizade entre os dois.

Rm 10:9-12; Gl 3:28; Cl 3:11; 2 Co 3:5-6

Hoje já não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é Senhor de todos! Hoje, revestidos de Cristo, já não somos distintos entre nossos irmãos: todos somos um em Jesus no novo homem. O Senhor quer extinguir tudo aquilo que é humano e natural em nós, nos encabeçando totalmente.

Na queda do homem, a humanidade trocou o governo de Deus pela própria capacidade. Temos de ter medo da nossa própria capacidade, pois ela é uma armadilha que nos leva à morte. A letra ainda pode ser uma demonstração da capacidade humana, mas no espírito não! A letra mata, mas o espírito dá vida!

Ef 4: 17-18; Jo 1:14; Rm 8:3

Depois da queda, o homem passou a viver em vaidade. Tudo o que se passa em nossa mente natural, em relação à vontade de Deus, é um grande vazio. Deus quer usar nossa mente renovada! E para resolver esse problema de nosso ser natural, Ele próprio veio em carne. Jesus veio em semelhança de carne pecaminosa para que Deus condenasse na própria carne a natureza caída. Ele, porém, não tinha pecado em si. Para isso, há uma ilustração.

 

 

 

 

 

 

Aqui vemos um círculo, a carne do homem. O contorno do círculo é a semelhança da carne do pecado, e seu conteúdo é a carne do pecado em si. Jesus esteve somente nesse contorno.

 

 

 

 

 

Ele foi levado à cruz somente no contorno, na semelhança da carne do pecado, mas levou consigo todo o conteúdo do círculo. Toda a carne do pecado foi crucificada juntamente com Ele. Cristo não participou do pecado, mas quando crucificado, levou consigo toda a carne do pecado e permitiu que Deus destruísse o pecado e seu poder.

 

 

 

 

Em sua carne, Jesus também aboliu o poder da lei dos mandamentos em forma de ordenanças, pois o homem em seu ser natural é preso em seus rituais e ordenanças que só trazem inimizades. Hoje, precisamos deixar que Cristo tenha liberdade entre nós, afastando as formas clássicas e religiosas com que muitas vezes conduzimos as coisas.

Gl 3:23,27; Is 57:15; Ef 2:16-18; 4:21

A lei por muito tempo nos serviu de tutor, mas somente para nos conduzir a Cristo, à fé. Assim, quando chegou Cristo, já não devemos mais viver sob a tutela da lei, mas sim sob a fé. A igreja é o novo homem, do qual Cristo é a base. Quando rompemos com o velho homem e nos revestimos de Cristo, manifestamos Sua personalidade e somos um com os irmãos.

Deus habita com aqueles de espírito contrito, aqueles que se esvaziam da própria capacidade e têm um amor reverente à palavra de Deus. Precisamos nos despir do velho homem, renovar nossa mente e nos revestir do novo homem, criado segundo Deus! A criação do novo homem ocorre para que Cristo possa habitar nele!

Rm 6:3-8; Ef 2:20

Agora somos feitos novos em Cristo, sendo edificados juntamente com os irmãos. Nosso velho homem foi crucificado com Ele; nossa carne com toda a sua capacidade já foi subjugada, para que sejamos edificados como habitação para Deus. Em nosso ser natural ainda temos muitos conflitos e problemas, mas Cristo quer ser paz no meio de nós! Ele derramou Seu sangue para que todos tenhamos paz entre nós e com Deus, nos reconciliando com Ele em um só corpo.

Assim, em um só corpo, temos paz e ajudamos uns aos outros, em uma esfera de paz e cuidado em Cristo. Já não somos estrangeiros ou peregrinos, mas recebemos a cidadania do Reino dos Céus! Somos concidadãos uns com os outros, somos todos habitantes da casa de Deus, membros da mesma casa e família. A igreja é o resultado de uma edificação realizada sobre um fundamento, uma pedra angular: Cristo.

Is 28:16; Zc 10:4; Mt 21:42; At 4:11; 1 Pe 2:6-7

Cristo disse em Mateus que Ele mesmo edificaria Sua igreja e seria sua pedra de arremate. Essa edificação não vem por capacidade humana, mas pela graça, pelo próprio Cristo! A graça é Cristo que, por meio de Sua ressurreição, se tornou essa pedra angular, sobre a qual somos edificados. Quando essa obra for concluída, seremos a pedra que destruirá a grande estátua de Nabucodonosor. O resultado final da suprema grandeza de Deus para com os que cremos é para chegarmos a ser Sua habitação no espírito. Mas Ele insiste hoje em nossa edificação em Cristo, pois em um edifício todas as partes precisam ser um conjunto harmônico. Da mesma forma, precisamos estar bem ajustados aos irmãos, na paz de Cristo. Precisamos estar bem próximos e edificados, e quando estivermos bem encaixados, virá o shalom, a plenitude.

Quando Salomão terminou o templo e tudo foi encaixado, a paz imperou. Ainda temos alguns problemas de relacionamento, mas estamos sendo edificados em Cristo e em Sua paz, sendo encaixados, para que Deus possa ter em nós Sua habitação plena e Seu descanso! Aleluia!

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