Conferência Internacional Mens. 1 – O pano de fundo da carta aos Colossenses

Palavra ministrada pelo irmão Pedro Dong, transmitida pelo Instituto Vida para Todos  diretamente de São Paulo, Brasil, em 15/01/2023. Texto não revisado pelo autor

 

  1. Nós iremos inaugurar o estudo de um novo livro da Bíblia, Colossenses. Antecipamos para que haja tempo hábil para a produção do Alimento Diário. O livro de Colossenses é uma continuação do livro de Efésios. Nesta transição, não haverá mudança brusca ou turbulências, mas uma sequência natural do fluir do rio da graça que vimos em Efésios. Quero dizer, também, que não estamos preocupados em fazer um estudo bíblico doutrinário, pois já há muitos deles, feitos por bons mestres da Bíblia. A nossa preocupação é em ouvir o que o Senhor tem a falar com a Igreja, para que esta possa cooperar com Ele na execução da Sua vontade neste tempo final. Este é o nosso foco. Não estamos aqui apenas para adquirir conhecimento, mas queremos ser úteis. Os tesouros da Palavra profética foram destrancados para a Igreja em Filadélfia. Queremos valorizar, apreciar e amar esta palavra reverentemente, praticando-a para que a vontade de Deus seja concluída ainda na nossa geração. Essa é a nossa esperança e expectativa.

  1. O tema geral da Conferência de Colossenses será “Cristo, o centro conector da obra de Deus”. Tudo o que Deus fez, está fazendo e fará tem Cristo como centro. Cristo é o centro que conecta e liga todas as coisas. Todavia, não podemos deixar de fazer uma ligação com o livro de Efésios. O Senhor foi muito generoso conosco. Não esperávamos extrair tantas riquezas nesse semestre que passou. O Senhor fez acontecer muitas coisas na Sua obra e expansão aqui na terra. Continentes foram alcançados e revitalizados através da pregação do Evangelho do Reino, da colportagem dinâmica e de todas as ferramentas dadas por Deus a nós nesses últimos tempos. O livro de Efésios nos mostra, como nunca antes, que há um rio. Ninguém imaginaria que logo no começo de Efésios há um rio que é despejado de uma janela no céu para a Igreja (Ef. 1:3). Outrora não compreendíamos isso, pois ainda estávamos na esfera doutrinária, do mero ensinamento, mas pela revelação da Sua Palavra, passamos a enxergar que o que Deus quer dispensar para a Igreja é exatamente o rio que saía do Éden. Quando o homem pecou e transgrediu a Palavra de Deus e foi expulso do jardim do Éden, o acesso à árvore da vida e ao próprio Deus, foi fechado, mas Deus nos deu uma segunda oportunidade, que está em Gênesis 2:10: o rio da graça. A frase que vemos nesse versículo, “saía um rio”, significa sair para um propósito, para uma finalidade. Esse rio tem a finalidade de alcançar o homem e dar a ele uma segunda oportunidade de acesso às riquezas de Deus. Essa segunda oportunidade foi dada quando o Senhor Jesus se tornou homem. Ele trouxe o rio à terra, sendo a fonte das águas vivas. Ele era o fluir daquele rio. Só que, enquanto vivesse na carne, estaria limitado à carne. Ele, então, morreu e ressuscitou e na Sua glorificação Deus o fez O Espírito, que fluiria de todo aquele que Nele cresse. Portanto, irmãos, esse fluir está na Igreja, pois sobre ela Deus derramou a benção espiritual e celestial. Nós temos o privilégio de receber aquilo que foi proibido ao homem no Éden. O rio é a alternativa de acesso do homem a Deus. Jesus se tornou o Espírito que dá vida e todo aquele que nele crê recebe esse Espírito. E esse Espírito, dentro daquele que creu, se torna rios de água viva (Jo. 7:37-39). O capítulo 4 do Evangelho de João também nos mostra isso. Jesus disse à mulher samaritana que se ela bebesse da água do poço de Jacó, da água que o mundo poderia lhe dar, ela tornaria a ter sede, mas se ela bebesse da água que Ele lhe desse, pois ele era a própria fonte que trazia o rio da água vida, ela nunca mais teria sede, pelo contrário, teria dentro dela uma fonte a jorrar para a vida eterna. Hoje esse rio flui na terra a partir da Igreja. Há um rio, cujos canais alegram a cidade de Deus. Esse rio está fluindo pela Igreja. Mas quem é a Igreja? Você é um membro do corpo de Cristo! Se você é um membro, você não pode estancar o fluir do Rio, pois Deus colocou o Espírito dentro de você como uma fonte a jorrar. Não tranque essa fonte. Deus quer tornar você um canal, não um mar morto, que só recebe e não extravasa a graça para outras pessoas. Deixamos esse rio fluir quando pregamos o Evangelho, fazemos colportagem, salvamos e resgatamos as pessoas da escravidão da corrupção. Portanto, nós somos a continuação do fluir desse rio. Por isso nos sentimos bem quando saímos às ruas para pregar o Evangelho e resgatar as pessoas, funcionando como canais da Graça. Isso nos leva a crescer.
  1. Em Efésios 1, vemos que Deus nos abençoou, pelo fluir rio da graça, com toda sorte de bençãos espirituais. Mas o que Deus quer com esse fluir? Ele quer encabeçar todas as coisas em Cristo, tanto as do céu, como as da terra. Ele quer encabeçar, inclusive, os seres angelicais e todas as coisas existentes na terra. Mas como Ele irá fazer isso? Para que Cristo seja o cabeça de todas as coisas, Ele foi dado à Igreja, que possui a responsabilidade de executar o trabalho de encabeçamento. No capítulo 2 de Efésios vemos que, pela graça, fomos tirados da morte. Estávamos mortos em nossos pecados e delitos. Não tínhamos vida. Éramos um monte de ossos secos, mas, pela graça, fomos salvos. E a partir de nós, a velha criação, Deus irá produzir uma obra prima, um lugar de habitação para Deus no espírito. Através da reconciliação e da cruz, Cristo também nos deu a paz. Os povos judeus e os gentios e os de diferentes nações não se dão bem, mas na cruz, Cristo derrubou a parede de inimizade e fez a paz entre todos os povos, reconciliando-os consigo mesmo. Ao final, Ele quer produzir, a partir de nós, um corpo em Deus, o corpo de Cristo. Pelo fluir da graça Ele também nos fez a família de Deus. Não somos mais peregrinos, mas cidadãos do Reino. Temos o passaporte do Reino e estamos sendo edificados em uma casa espiritual para Deus, finalmente, encontrar o seu descanso no universo.
  2. O capítulo 3 de Efésios nos mostra como Deus trabalha. Vimos que, em cada época, Deus tem um dispensador, uma boca que Ele usa. Na época do livro de Efésios, Ele escolheu o apóstolo Paulo para tal, que deixa claro que foi escolhido por Deus para ser o despenseiro, aquele que cuida da despensa. Você em casa deve ter uma despensa que armazena as suas compras. O despenseiro cuida da despensa e distribui os mantimentos confirme a necessidade dos membros da família. Tenho também usado outro termo para essa função, que é dispensador, aquele que fornece ou distribui. As duas palavras podem ser usadas, mesmo que tenham uma leve diferença de significado. O dispensador coleta e distribui as riquezas. Paulo era o dispensador da graça de Deus. Mas ele não queria ser o único dispensador. Na sua época, ele era a origem da Palavra profética, mas queria produzir muitos dispensadores, fazendo de todos os membros do corpo de Cristo, canais para dispensar as riquezas do rio da graça. Assim, irmãos, nos capítulos 3 e 4 de Efésios, a Igreja é edificada. Somente dessa forma conseguimos compreender, juntamente com todos os santos, qual é a grandeza de Cristo: o Seu amor, largura, comprimento, altura, profundidade e a Sua dimensão infinita e espiritual. Ao dispensar e praticar temos uma noção do que seja a dimensão de Cristo, e somos enchidos até toda a plenitude de Deus. Deus quer encher todos os vazios e vácuos que ainda há em nós e na Sua Igreja. No capítulo 4, Deus fornece dons e funções aos membros do Corpo. Cada membro tem uma função, mas temos apenas um ministério, que é a edificação do Corpo de Cristo. Eu e você trabalhamos noite e dia para a edificação do Corpo de Cristo, que é a obra do ministério de cada membro (Ef. 4:11,12).
  3. Ao funcionar como canais da graça, crescemos em vida e somos edificados. Esse rio da graça nos fornece não só a graça, mas também a verdade. Ele nos enche de realidade. Não somos mais aqueles que falam uma coisa e fazem outra, mas estamos sendo enchidos da verdade e realidade de Deus. Deus, que é a essência do amor e da luz, entrou em nós. Passamos, assim, a viver uma vida de amor e de luz. Não temos mais uma vida egoísta, mas vivemos uma vida de doação aos outros, como oferta agradável a Deus. Não vivemos mais à sombra do pecado, mas na luz. Não digo que não pecamos mais, mas somos sensíveis e tratamos com todas as sombras das obras das trevas, pois vivemos na luz. 1 Jo. 1:9 – Ao confessar os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Não diga que você não tem mais pecados. Você pode, por acaso, ser vencido pelo pecado, mas como vivemos na luz, tratamos os pecados imediatamente e as obras das trevas não florescem em nós. Assim, estamos prontos para vestir a armadura de Deus e lutar a luta dos dois reinos, o reino de Deus contra o reino das trevas. Estamos no meio dessa guerra e precisamos conquistar territórios para o Senhor. Para que vamos às ruas e aos diferentes continentes? Para conquistar a terra para o Senhor. Essa é a luta dos reinos. Satanás não entregará seus territórios facilmente para nós e nos assolará com perseguições, mentiras, tribulações e sofrimentos, mas nós nos manteremos firmes. Não precisamos subir aos céus, pois a nossa luta não é contra sangue e carne. Os principados, potestades e dominadores deste mundo tenebroso estão por trás de todos os problemas provocados pelos homens que lutam contra o Evangelho. Deus não nos mandou ir aos ares e lutar contra os seres angelicais, anjos caídos e demônios. A ordem do Senhor é que permaneçamos firmes e inabaláveis. O nosso refúgio é o Senhor. Deus é a nossa fortaleza e socorro bem presente nas nossas tribulações. Cabe a nós, irmãos, continuarmos fluindo o rio da graça. Em 2 Crônicas 20:17 vemos que nos basta permanecer firmes, tomar posição, ficar parados e ver o que O Senhor fará. O Senhor irá fazer e já está derrotando todos os inimigos, pois essa luta é Dele! Mas também temos uma arma ofensiva, que é a Palavra. Por isso, saímos às ruas e fazemos a colportagem, que é a pregação do Evangelho do Reino. Quando deixamos os livros com as pessoas, usamos a espada para derrotar o inimigo e as tiramos da escravidão para o reino da luz. Essa é a nossa luta nas ruas: de um lado ficamos firmes e, por outro, usamos a palavra profética. A imersão tem ajudado os colportores. Quando eles não sabem mais o que fazer e se sentem sem direção, fazem a imersão e ganham luz e direção e usam a Palavra como espada. Assim, a luta nas ruas é vencida. Graças ao Senhor, fomos levados por Ele dessa forma até o final do livro de Efésios.
  4. O fluir da graça continua e, agora, nos leva para o livro de Colossenses. Mas como iremos entrar nele? Precisamos abrir os nossos olhos e enxergar que Cristo é importante, vital e crucial na obra de Deus. Mais do que pensamos! Tudo o que diz respeito à obra de Deus e a nós não é nada sem Cristo. Ele é vital e precisamos dar mais valor para Ele. Continuaremos nesse mesmo fluir, mas dando ainda mais ênfase para Cristo. Como existimos como criatura? Quem nos criou? Veremos que tudo isso tem a ver com Cristo. Você está sentado aqui hoje, diante de Deus, pelo sangue. Mas quem fez esse trabalho e morreu por você? Cristo! Você, hoje, tem interiormente o Espírito vivo. Quem te deu esse Espírito? Cristo! Sem Cristo, tudo que acontece na sua vida é nada. Ainda estou tocando na superficialidade, mas essa será a nossa ênfase: Cristo.
  5. Agora, irei começar a fazer uma introdução sobre o pano de fundo da carta aos Colossenses. As 4 cartas do apóstolo Paulo aos efésios, filipenses, colossenses e à Filemon, foram escritas durante a sua primeira prisão em Roma. Ali, ele teve a liberdade de alugar uma casa. Quando estive na Itália, pude visitar essa casa. Segundo a versão King James atualizada, essa prisão ocorreu no ano 60dc. Já, segundo a versão restauração, no ano 64dc. Segundo Atos 28:30, Paulo, nessa casa, pregava o Evangelho de Deus e com intrepidez ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo. Mesmo preso, Paulo não deixava de pregar o Evangelho e a Palavra de Deus, a nossa espada! A Palavra faz a obra de Deus e conquista terrenos aqui na terra. O conteúdo dessas 4 cartas, mais o livro de Gálatas, compõem o que chamamos de “o coração da Bíblia”. São as cartas mais importantes, pois elas revelam a economia de Deus, o Seu plano para executar a Sua vontade. Esses livros são cruciais para esse entendimento. Por esse motivo, Colossenses está totalmente relacionado ao livro de Efésios, como uma continuação ou um complemento.

  1. Colossos era uma cidade situada no vale do rio Lico (Lycus), na antiga região frígia, hoje, a Turquia. Considerando o mapa daquela época, tínhamos a região de Israel, Jerusalém e, mais ao norte, na região da Síria, Antioquia. Avançando mais ao norte e ao oeste, estava a região da Cilícia, terra natal de Paulo. Mais adiante, estava a Frígia e a Galácia. Colossos ficava na Frígia, a 20 quilômetros de Laodiceia e Hierápolis e a cerca de 160km de Éfeso. Ao norte de Colossos estava Laodiceia e Hierápolis, que era uma cidade turística, de águas termais. Os romanos construíram grandes estruturas de veraneio ali, principalmente casas de banhos. Laodicéia ficava logo embaixo. As águas quentes que saiam de Hierápolis, fluíam para Laodiceia, mas no caminho, essa água esfriava e chegava morna a Laodiceia. Daí a profecia em Apocalipse, que diz que Laodiceia é morna, nem quente e nem fria, estando a ponto de ser vomitada da boca do Senhor. Paulo esteve em Éfeso e, por dois anos, conduziu ali um Ceape. Ele passou três meses discutindo com os judeus na sinagoga, mas viu que o coração deles estava endurecido. Percebeu que o caminho do Senhor era que ele permanecesse por dois anos na escola de Tirano, como um Ceape para aperfeiçoamento de obreiros e cooperadores. Ali, um dos seus obreiros aperfeiçoado foi Epafras, que levantou a Igreja em Colossos. Que eu saiba, Paulo nunca foi para Colossos, Laodiceia ou Hierápolis, mas, por meio Epafras, a Igreja foi levantada nessas 3 cidades. Veja a importância do Ceape e PAC, que aperfeiçoa os líderes, obreiros, cooperadores. Colossos era uma região vulcânica, sujeita a incidência de severos terremotos, mas a terra era muito fértil, assim como toda terra próxima a regiões vulcânicas. Ali havia pastos e uma bela criação de rebanhos. Devido às suas qualidades químicas, a água de Colossos era utilizada para o tingimento de lã. Na época do império grego, era uma cidade próspera. Mas na época de Paulo, a sua importância comercial já estava em decadência. A população de Colossos era formada por frígios, gregos e judeus, que chegaram à região 2 séculos antes de Cristo. Essa mistura de povos, religiões e culturas acabou criando uma atmosfera de sincretismo. O sincretismo é a mistura de diferentes doutrinas para formação de uma nova doutrina, seja de caráter filosófico, religioso ou cultural. Isso acabou tendo reflexos na vida da Igreja.

  1. A Igreja em Colossos foi gerada ao tempo da 3° viagem missionária de Paulo. Ele permaneceu em Éfeso, ao todo, por 3 anos (At. 20:31). Atos 19:8-10 nos mostra como se dividiram esses três anos. Provavelmente a Escola de Tirano era um espaço usado pelos filósofos gregos para apresentar suas teses filosóficas ao povo, que julgava, criticava e dava o veredito se as aceitavam ou não. Provavelmente Paulo alugou esse espaço para ministrar a Palavra. Assim aconteceu o primeiro CEAPE, PAC, aperfeiçoamento de obreiros e cooperadores. Um dos obreiros aperfeiçoado foi Epafras, que era de Colossos e levantou a Igreja ali (Cl. 1:7). Ele era um fiel ministro de Cristo para a Igreja. Cl. 4:12,13. O livro de Colossenses tem tudo a ver com Epafras. Ele cuidava de Laodiceia e Hierápolis e era provável que tais cidades cuidadas por ele tivessem uma vida da igreja por volta de 5 ou 6 anos. Também em Colossos viveu Filemon e seu escravo Onésimo, que fugiu e defraudou o seu senhor, indo para Roma. Ele foi aperfeiçoado por Paulo ali e enviado de volta ao seu senhor, com o portador da carta, Tíquico. Cl 4:7-9; Fil. 1:1,8-20. Tudo isso que lemos nessas passagens ocorreu em Colossos.

  1. A epístola aos Colossenses deixa transparecer que havia desvios na vida da Igreja ali, provocados pela mistura das culturas, religiões e filosofias gregas com o velho judaísmo. O embrião do gnosticismo já atuava, como uma falsa filosofia que defendia a forte antítese entre o mundo material e espiritual. Os criadores dessa tese diziam possuir conhecimentos secretos. Essa mistura de religiões, culturas e filosofias foi abordada por Paulo em vários pontos da epístola. O gnosticismo, na verdade, se consolidou no século II, mas os colossenses já eram afetados pelo seu embrião, que surgia na região. Toda filosofia grega busca entender as coisas e a causa do sofrimento humano. A mitologia grega acreditava que havia muitos deuses e semideuses que controlavam o mundo natural e sobrenatural, devendo ser venerados pelo homem para apaziguamento da ira deles. Havia, para os gregos, o deus do trovão, das inundações, dos terremotos, dentre outros. Para não ser castigado, o homem devia adorar essa diversidade de deuses e semideuses. Assim, por exemplo, se adorassem os supostos deuses, um agricultor teria chuva no tempo certo e o doente teria cura. Os homens tinham muito medo dos sofrimentos e das coisas que fugiam do seu controle. Os filósofos gregos queriam, então, entender a razão do sofrimento, mas alguns deles não acreditavam na mitologia e buscavam desvendar esse mistério por outras teorias. O gnosticismo, em seu florescimento, pregava que o mundo material era uma emanação imperfeita de Deus. Por isso, no mundo material, o homem sofre. A matéria e a carne eram essencialmente más e o homem deveria se refugiar no espírito. O conceito dos gnósticos nos clássicos gregos, significa aquele que sabe e entende. O universo material é imperfeito, como o é a carne e o corpo humano. Tal imperfeição implica em sofrimentos. A liberdade do homem viria pela gnose, isto é, pelo conhecimento intuitivo do espírito e da natureza da realidade. Esse conhecimento não é racional, mas intuitivo e espiritual. Pela teoria, poucas pessoas alcançariam esse nível de conhecimento. As que, supostamente, alcançavam, orgulhavam-se de serem capazes de se libertar do sofrimento da carne e por possuir um nível de conhecimento acima dos outros. Tais pessoas eram consideradas iluminadas. Assim surgiu o gnosticismo. Acreditava-se que Deus é como um sol, que tem raios de luz. Tais raios seriam entidades espirituais. Os anjos eram tais entidades e Jesus era apenas mais uma dessas emanações. Por isso que a epístola aos Colossenses ataca a adoração e culto aos anjos, até então adorados e colocados no mesmo nível de Jesus. Em Col. 2:2-4 Paulo diz que o mistério de Deus é Cristo, não as emanações ou os diferentes anjos. Se os colossenses consideravam que alguns tinham conhecimento elevado, deviam saber que, em Cristo, todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estavam ocultos. Portanto, se queriam conhecimento da Verdade, deveriam buscar a Cristo! Os raciocínios dos gnósticos poderiam parecer lógicos e diferentes, mas não deixavam de ser falácia. O judaísmo contribuiu para essa confusão, trazendo a ela a cerimônia do culto. Essa mistura resultou no ascetismo, que é o castigo da carne para a libertação do pecado. Isso também começou a entrar na Igreja. Em Col. 2:16 Paulo cita alguns elementos do cerimonialismo judaico. No versículo 17 Paulo mostra que todas as cerimônias judaicas eram apenas sombra do que era real, Cristo. No versículo 18, menciona-se a adoração aos anjos e, no 19, Paulo afirma que o cabeça do corpo é Cristo. No versículo 20 a 23, vemos as ordenanças que vieram do judaísmo e do ascetismo. Recentemente, até no nosso meio, houve alguém pregando a respeito do jejum, como a privação do corpo que evitaria o pecado, mas apenas Cristo vence o pecado, não as privações do corpo!

  1. Esse pano de fundo é que deu oportunidade para Paulo trazer à luz revelações tão cruciais da preeminência de Cristo sobre todas as coisas. Não há nada superior a Cristo. Nada se compara a Ele. Tudo o que desfrutamos é Cristo e por Cristo. Cristo é o ponto de conexão entre Deus e a criatura. Só Ele pode ser esse ponto. Lúcifer queria ser esse ponto de conexão e fez uma proposta a Deus: “eu sou criatura e você, por ser Deus, não entende a criatura. Fui criado de uma forma perfeita e estou acima de todas as criaturas, então você não tem outra alternativa a não ser me colocar como um rei adjunto para os assuntos da criatura.” Mas Deus não aceitou esta proposta, pois Ele tinha um plano muito melhor: o próprio Deus se tornaria um homem! Ele enviou o seu próprio Filho à terra, que se esvaziou, humilhou, tomando forma de servo, vindo humildemente na figura humana. Nasceu da virgem Maria como um homem, sendo verdadeiramente Deus. Cristo é o único que possui essas duas “nacionalidades”: é Deus e é homem, sendo o único que pode conectar o Criador com a criação. Por outro lado, é o único que pode conectar toda a criação. Cristo é o centro da economia e da obra de Deus. Ele é centro agregador que une e conecta toda a criação e mantém todas as coisas em constante estabilidade e produtividade para a execução da irrevogável vontade de Deus (Col. 1:16,17). Para Deus criar todas as coisas, era necessário um ponto de partida, que é Cristo. Usando uma pequena ilustração, se queremos traçar uma circunferência, precisamos de um compasso para saber onde está o centro da figura, o ponto de partida. O centro é a referência para traçar uma circunferência. Cristo é o ponto de partida. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Essa palavra subsistir é sunistao, um centro agregador que une todos os pontos em um todo. Esse todo é unido por Cristo, unindo todos. Deus une todos para se tornar um todo. Cristo é tudo. A centralidade e a universalidade de Cristo são demonstradas no livro de colossenses. Cristo é o centro agregador que une e conecta toda criação.

  1. E mais: Ele não só une, mas mantém todas as coisas em constante estabilidade. Hoje dependemos de Cristo para a estabilidade da criação. Sem Cristo, tudo se desestabiliza. Estamos aqui graças a Cristo, que é o ponto de estabilidade. Ele não mantém apenas a estabilidade, mas também a produtividade. Cristo produz a vontade de Deus. As coisas estão avançando para produzir o que Deus quer. O encabeçamento de Cristo sobre todas as coisas e a edificação da Igreja são a produção de Cristo. Ele executa a vontade irrevogável de Deus. Por isso Efésios 1 fala do beneplácito da sua vontade. Ninguém pode mudar a vontade de Deus. Para a execução do propósito de Deus, Cristo também é o princípio, o primeiro entre os mortos. Na velha criação, Cristo é tudo, a origem. Todas as coisas criadas são para Ele. Ele é o centro agregador, o conector que liga e mantém todas as coisas em estabilidade e produtividade. Mas isso ainda está no nível da velha criação. Deus quer produzir, em outra dimensão e esfera, a nova criação. Nesta outra dimensão, Cristo também é tudo (Col. 1:18). O corpo, a igreja, já pertencem a outra dimensão, à esfera da ressurreição. Cristo também tem a primazia. Vemos, no versículo 19, que Deus quer fazer residir em Cristo toda a plenitude, tanto na velha criação, quanto na nova criação. A Igreja, assim, será a plenitude daquele que a tudo enche, em todas as coisas. Em Efésios 1:22, 23 vemos que Deus deu Cristo à Igreja. Por isso, Ele teve que realizar a redenção. Se Cristo tem a primazia na nova criação, precisamos ser transportados para a nova criação. Col. 1:20 nos mostra que, com a rebelião de Satanás e a queda do homem, aconteceram muitas coisas que promoveram a ruptura e a inimizade com Deus e entre a criação. Cristo, então, fez a paz pelo sangue da Sua cruz e reconciliou consigo mesmo todas as coisas. Ele mesmo teve que fazer uma obra, vindo à cruz, morrendo não apenas por nós, mas também para reconciliar todas as coisas consigo mesmo. Isso é maravilhoso. Todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus, foram reconciliadas! Col. 1: 21,22 fala de nós. Cristo nos elevou ao nível da ressurreição da nova criação. V23 – O Evangelho deve ser pregado a toda criatura, pois Cristo quer reconciliar todas as coisas mediante a sua obra na Cruz e sangue derramado e ser o cabeça sobre todas as coisas, tendo a primazia, não só no nível da criação, mas também no nível da nova criação.

Essa mensagem 1 irá acompanhar um logotipo que fizemos. Talvez você não entenda esse logo (que está em revisão, por isso não adicionada a estas notas). Deixarei isso ainda em suspensão e irei comentar a respeito na primeira mensagem da conferência internacional na Estância. Semana que vem, haverá a mensagem da conferência de jovens e, na outra semana, estarei no Peru e teremos a segunda mensagem. Depois, haverá mais dois domingos antes da conferência na Estância e estarei em São Paulo liberando as mensagens 3 e 4. Na Conferência internacional teremos a mensagem 5 e lá explicarei sobre o logo. Jesus é o Senhor!

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