Conferência Internacional M19 – O Novo Homem

Palavra ministrada pelo irmão Pedro Dong, na Conferência Regional, realizada em Foz do Iguaçu – PR e transmitida pelo Instituto Vida para Todos em 09/10/2022. Texto não revisado pelo autor.

O livro de Efésios começa falando sobre a graça. Deus, habitando na eternidade, na própria luz, era antes inacessível a nós. Todavia, Ele nos deu Seu filho Jesus Cristo para que fôssemos alcançados por meio da graça. A partir de então, passamos a ter acesso àquilo que antes era inalcançável: Deus em toda a Sua natureza divina; e aos mesmos atributos espirituais, por intermédio de Jesus Cristo. Nos capítulos 1 e 2 de Efésios vemos um quadro geral da vontade de Deus e Seu plano para realizá-la. A partir do capítulo 3 vemos como Jesus se tornou o Espírito a ser dispensado para a humanidade, fluindo graça. Mas para haver dispensação há a necessidade de um canal: o homem.

Paulo foi um canal em sua época, assim como Pedro se tornou no dia de Pentecostes. Ao longo da história, muitos outros também se tornaram dispensadores, suprindo graça para a igreja em suas épocas. Hoje Deus busca em nós os dispensadores de Sua palavra. A principal característica necessária para tal função é o amor reverente à palavra. Precisamos ser simples e acatar aquilo que se confirma como vindo do Senhor; e a palavra que vem de Deus se cumpre. É por meio dela que o plano do Senhor será concretizado, por isso Ele precisa de muitos dispensadores que estejam mergulhados nesse fluir da graça.

Graças ao Senhor, hoje chegaram a Johannesburgo os nossos valentes, nossos dispensadores. A equipe ali presente é composta por aqueles que chamamos de jovens maduros. Assim como Timóteo, esses guerreiros foram chamados a passar a palavra adiante, e o fizeram com maestria, apresentando aos irmãos da igreja a importância da imersão e propagação da palavra profética, levando-os a ir às ruas praticar a colportagem dinâmica e o Posso orar por você? Hoje há uma convocação para que nossos jovens sejam canais desimpedidos, alinhados à palavra para levar esse fluir da graça adiante. Nossos jovens são chamados à linha de frente da batalha, e são convocados a servirem como os valentes de Davi nos tempos finais.

 Sejamos canais da bênção da graça de Deus. Precisamos abandonar nossa postura crítica: quando estamos no fluir da graça, as coisas se descomplicam, até os problemas se tornam em bênçãos. Quando entramos nesse rio e nos tornamos seus canais, somos os primeiros a receber seus benefícios. Ao suprir outros, de nosso interior fluem rios de graça que, ao passar por nós, primeiramente nos beneficia, nos amadurece e aumenta a vida de Cristo em nós.

 Ef 4:11,13-16

Por intermédio do fluir da graça, o intuito de Deus é resgatar pessoas no mundo e trazê-las como materiais para a edificação do Corpo do Cristo; é incluí-las como canais dessa mesma graça. Como membros do Corpo, precisamos ser edificados até alcançarmos a unidade da fé, descrita nos capítulos 1 e 2 de Efésios: a bênção do Pai, do Filho e do Espírito nos produzindo como Sua herança, como a igreja que subjugará tudo a Cristo.

Quando nos submetemos à palavra profética, vemos a operação do Espírito e passamos a conhecer mais a Cristo, vendo-O agir. É praticando a palavra e servindo como canais que chegaremos ao pleno conhecimento de Cristo e ao ápice da nossa maturidade espiritual. Fechados em casa, estudando a Bíblia sozinhos, jamais chegaremos à maturidade, pois para alcançar a plenitude precisamos praticar a palavra, servir como dispensadores, canais de graça.

Gl 4:1; 1 Co 3:1; 1 Tm 1:3

Nosso direcionamento vem por meio da palavra profética, a candeia que nos ilumina no período noturno que temos vivido, o que nos dá nosso alvo. Se não estamos firmes nela, ficamos como folhas secas ao vento, sem direção. Não podemos deixar o tempo passar enquanto permanecemos crianças em Cristo, levadas pelas ondas de ensinamentos diferentes.

Não sejamos também aqueles que trazem para dentro da igreja essas palavras divergentes, pois elas também frutificarão, mas seu fruto será diferente e prejudicial ao Corpo de Cristo. Os ensinamentos divergentes vêm recheados de opiniões e sabedoria humanas. Irmãos, não falamos

 pela sabedoria humana, e sim pela parte de Deus. Vamos confiar na palavra profética, que é verdade. Os conhecimentos divergentes nos trazem artimanhas, artifícios que buscam nos induzir ao erro e nos levar para caminhos errados.

 Ef 3:7-8; 4:15; 1 Co 12:12

Quanto mais a obra divina acontece na igreja, mais percebemos que o amor é a essência de Deus. Por isso, naquele dia, quando formos libertos deste corpo e mergulhados na natureza divina, nos sentiremos como se estivéssemos mergulhados em uma grande piscina de amor. Essa esferaonde o amor a tudo permeia é onde a igreja deve estar inserida.

A palavra de Deus é a palavra da verdade. Qualquer ensinamento que nos distraia de Cristo e da igreja é um vento nos desviando de Seu propósito. Não devemos ir atrás de palavras bonitas que, ao final, não nos comprometem ou direcionam a lugar algum. Nós precisamos de uma palavra que nos dá direção e nos aponta um propósito: a edificação do Corpo de Cristo.

Quando nos tornamos esse canal da graça de Deus, nós crescemos naquele que é a cabeça. A palavra que chega até nós, deve promover o encabeçamento de Cristo em nossa vida. Quando todo o corpo for constituído por Cristo, o primeiro tornará a expressão coorporativa do segundo.

 Cristo deve encher todas as partes, preencher todos os vazios e espaços até então ocupados pelo velho homem em nosso ser, passando a nos encabeçar totalmente. Quando isso acontecer, seremos sua expressão plena.

 Ef 4:16

O termo “ajustado” significa bem encaixado, bem unido. “Consolidado” tem o sentido de formar algo sólido, compacto. Os dois termos colocados juntos dão o sentido de harmonia e ajuste perfeito com solidez. Todas as construções precisam ter estabilidade: sem ela, o conjunto não suporta as cargas que deveria e as forças externas podem levar essa construção abaixo. Por um lado, cada elemento estrutural precisa trabalhar de forma a suportar a própria carga, mas a função da estrutura é que todos os elementos trabalhem em conjunto para gerar solidez: é a isso que Efésios 4 se refere quando aborda sobre estarmos consolidados. Nada pode abalar a igreja edificada!

 As juntas são partes que unem os membros. O cotovelo, por exemplo, é uma junta: ele faz ligação do braço com o antebraço, conectando-os não só em encaixe, mas também carregando fluidos e terminações nervosas de um a outro. Essas juntas representam os homens dom que temos na igreja: os apóstolos, evangelistas, pastores, mestres, os dispensadores da graça. Precisamos ser aqueles que unem os membros do corpo, que unem as partes e transmitem a vida e força muscular a cada um. Que sejamos transmissores, suprindo e unindo as partes, não interruptores que bloqueiam a passagem de vida até cada membro.

Quando saímos às ruas para resgatar as pessoas, o fazemos visando salvá-las e incluí-las como membros funcionais no Corpo de Cristo, pois é por meio do funcionamento adequado de cada membro que esse Corpo será edificado e crescerá.

 Ef 4:17; Hb 11:3; Jo 1:14; Rm 8

Nós éramos todos gentios, andando pela vaidade de nossos próprios pensamentos. Mesmo aqueles que são considerados sábios contemporâneos: mesmo eles possuem pensamentos vãos em relação à verdade. Quando permanecemos em nossos próprios pensamentos, que em nada colaboram para a realização da vontade de Deus, estamos em nossa própria vaidade.

Deus é a própria verdade. Quando criou o mundo, as coisas visíveis foram criadas a partir do invisível. A palavra de Deus é o princípio criador do universo. Ele nos criou e criou as coisas

 visíveis a partir da realidade daquilo que é invisível: o próprio Deus. Ao cair em pecado, o homem abandonou a verdade e arranjou um substituto de Deus, uma habilidade própria de discernir o bem e o mal. Assim, ele abraçou a falsidade e a mentira, nos colocando na esfera da vaidade de nossos próprios pensamentos.

O Senhor, porém, teve misericórdia de nós e entregou Seu único filho para nos trazer de volta à verdade. Cristo, a própria palavra encarnada, chegou até nós trazendo a graça divina e tornando-a acessível novamente. A glória, embutida na própria graça, é para onde Deus quer nos levar. A graça é o caminho para chegarmos à glorificação. Cristo nos deu a presença invisível de Deus por intermédio da palavra, Ele nos trouxe a graça.

A partir do dia de Pentecostes, quando os discípulos se tornaram canais da bênção de Deus, Jesus já não apareceu mais fisicamente, pois Sua presença invisível acompanhava esses homens por meio da palavra dispensada a eles. Hoje também somos chamados para ser dispensadores, canais que fluem graça.

Para cumprir o propósito eterno de Deus, Ele precisa do novo homem. De tanto nos encher da vida divina nos tornaremos um novo homem coletivo, com a personalidade de Cristo. Ele mesmo realizará Sua própria vontade por meio desse homem. Todo esse processo é espontâneo quando temos o fluir do rio da graça: não há necessidade de esforço humano pois a graça por si só estará operando para que tudo isso aconteça.

 Ef 4:18-19; Rm 1:18-24, 28-32; 2:2, 5-8

É possível entender a verdade também pela sua ausência: quando estamos distantes dela, permanecemos presos na vaidade de nossos próprios pensamentos e vivemos na dureza de nosso próprio coração, insensíveis e entregues à dissolução e impurezas.

Desde o princípio do universo, é visível e inegável a existência de Deus, tornando indesculpáveis aqueles que ainda assim negam Sua existência. Ao rejeitar a verdade, rejeita-se também a Deus. Assim, nossos próprios pensamentos e raciocínio se tornam nulos, nossos corações passam a estar obscurecidos e insensatos. A falta de verdade leva à falta de justiça e santidade. Deus deseja mudar essa situação, e Ele o fará por meio da igreja como novo homem.

O juízo de Deus é segundo a verdade: quando há realidade, há também a aprovação divina. Porém, ao encontrar impiedade, injustiça impurezas, Ele não dará Sua aprovação. Por isso hoje a igreja deve andar na verdade!

 Is 65:2; Ef 4:18; 1 Tm 4:2; Jo 27:6; Jo 8:9; Rm 2:15

Mesmo Paulo, ávido seguidor dos preceitos judeus, ainda andava pela vaidade dos próprios pensamentos. Quando desconectado de Deus, o homem é destituído da verdade. O homem foi criado para receber a vida divina, para viver na verdade. Hoje, após a queda, a humanidade vive obscurecida no que diz respeito ao conhecimento, ignorante quanto às coisas de Deus mesmo com tantas evidências de Sua existência e de Seu agir.

Depois da queda, o homem foi entregue ao governo de sua própria consciência, sendo alertado por ela para tentar não cair mais na imundícia. Todavia, por estar longe de Deus, o homem não está sendo governado pela verdade, e até mesmo sua consciência se torna cauterizada e insensível em determinado momento.

 Ef 3:17; 4:20; Jo 13:15; 1 Pe 2:21; Jo 3:3-5; Ec 1:2-5

A verdade chega até a igreja por intermédio da palavra. Fora da verdade, tudo é vaidade, não há conteúdo. Aprender de Cristo é tê-Lo como nosso protótipo, como nosso modelo. Não somente para agir como Cristo agiria em nosso lugar, mas também deixá-Lo nos governar, habitar nosso ser, ser conformados a Sua imagem. Cristo é o molde ao qual estamos sendo conformados. Ele precisa tomar totalmente nosso ser, agindo Ele mesmo por meio de nossas ações.

 Ef 4:21; Jo 1:17; 14:6

 Neste universo, há uma única verdade: Cristo. Ele mesmo é o caminho para o Pai, a graça que é o acesso a Deus. A graça nos conduz à verdade e à vida, resultando na produção da Glória. O suprimento de graça precisa produzir a verdade! Nós estamos sendo supridos de graça, e hoje precisamos produzir o novo homem, produzir a verdade na terra. O reino de Deus é a própria verdade, mas para que ele seja estabelecido aqui na terra, é necessário que sejam eliminados todos os vazios, todas as ausências de realidade. Cristo precisa preencher e governar todas as coisas. Ele realizará isso por intermédio da igreja, que sujeitará todas as coisas a Cristo.

A igreja precisa ser o novo homem, ocupando todos os espaços que ainda não estejam encabeçados a Cristo. Em qualquer vazio, qualquer ausência da verdade, entram injustiças e impurezas. Cabe a nós crescer no novo homem para trazer o domínio da realidade para o universo e preencher esses vazios.

Rm 6:6

A única maneira de nos despir do velho homem é aceitar a realidade de que ele já foi crucificado com Cristo, Já morremos e ressuscitamos com Ele! Por isso hoje devemos nos despir do velho homem, da nossa antiga maneira de vida, e nos vestir do novo homem.

 Ap 12:9; 1 Jo 2:16; Ef 4:23; Rm 8:9; 12:2; 2 Co 3:18

 Satanás ilude e seduz para nos levar para fora da verdade. A isca para nos atrair até a mentira são as nossas concupiscências, presentes em nosso velho homem. O mundo governado por Satanás constantemente nos oferece essas iscas, nos tentando pelos nossos desejos da carne, da alma e dos olhos. Ele busca nos atrair ou pelo lado sexual, ou pelo nosso anseio por riqueza ou por nosso desejo de visibilidade.

A melhor tradução para Efésios 4:23 seria: “e vos renoveis no espírito da vossa mente” (Vincent).

 Cristo precisa ser dono da nossa mente e nos dominar. Nossa mente antiga só tem vaidade de nossos pensamentos. Ele deseja habitar todo o nosso coração, composto pela nossa mente, vontade, emoção e consciência, que é a parte do espírito humano conectada à alma. A mente,

porém, é a parte líder de nossa alma: sua inclinação é que define o sentido que ela tomará. Por isso, ao renovar nossa mente, toda a nossa alma será renovada em Cristo. Em Gênesis vemos que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. O novo homem, porém, é criado diretamente segundo Deus, sendo Sua representação.

Deus quer preencher o universo novamente com a verdade. O universo está cheio de mentira e corrupção, mas Ele enviou a igreja para preencher esses espaços vazios com a verdade. A verdade

 só é produzida a partir de duas condições: a justiça e a santidade. Alguém que está em dívida com a justiça não tem paz ou tranquilidade e, consequentemente, não está apto a produzir a verdade. As coisas de Deus funcionam do mesmo modo.

A justiça é estar correto diante de Deus e dos homens. Em sua ausência, há apenas injustiça, perversão e impiedade. Quando há ausência de santidade há apenas impureza, imundície e corrupção. Precisamos hoje viver uma vida santa e justa diante do Senhor para que possamos produzir a verdade. Essa produção não ocorrerá por meio de ensinamentos, e sim pelo fluir da graça, que nos encherá com a realidade do novo homem.

 Is 33:5; 2 Pe 3:11-13; Lc 1:74-75; Rm 1:4-5; 2 Co 7:1; 1 Ts 3:13; Hb 12:10; 1 Pe 1:13-16

Cristo enche todas as coisas pelo rio da graça. Quando praticamos a palavra profética e permitimos o fluir desse rio, Ele nos preenche da própria verdade e justiça, mudando nossa vida. Com a primeira vinda de Cristo, passou a ser possível vivermos todos os dias adorando ao Senhor em santidade e em justiça. Cristo foi ressuscitado pelo Espírito da santidade. Se não fosse por esse Espírito, Ele não se tornaria filho de Deus. Para aperfeiçoar nossa santidade no temor de Deus, devemos andar no espírito e praticar a palavra.

 Sl 89:14; Lv 20:7; 1 Pe 1:16

Jesus Cristo, quando veio à terra, trouxe a graça e a verdade para que Deus pudesse estabelecer Seu trono que tem por fundamento o direito e a justiça, para que a verdade possa se estabelecer aqui. A santidade é a natureza de Deus. Seu povo, Sua igreja como o resultado final de Seu trabalho precisa ser santo como Ele é.

A justiça, a santidade, o amor, a graça e a verdade eram antes itens soltos para nós. A partir de hoje, porém, eles já não estão mais soltos. Tudo começa pela palavra: ela veio e fluiu a graça. A partir do fluir da graça, há o viver do novo homem, há a produção da verdade por meio de uma vida de justiça e de santidade. O resultado final de tal fluir, baseado no amor de Deus, é a própria

 realidade. O amor de Deus é a esfera dentro da qual Ele está realizando esse trabalho. O amor reverente à palavra é a chave disso tudo, é o que possibilitará o fluir da graça e, ao final, o preenchimento de toda a terra com a própria verdade.